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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Jornalista - I


Não tinha dormido quase nada no dia anterior devido ao simples facto do vizinho ter dado uma festa no seu apartamento até às quatro da madrugada. O meu humor já teve melhores dias e o telefone tocava pela milésima vez no mesmo dia. Com uma certa impaciência patente na voz, atendi a chamada:
- Sim, Larry. Diz o que queres e de preferência rápido e que não em cause transtornos.
- Preciso que venhas cá. Trás o Oliver contigo. - informou-me.
Pousei o auscultador com força e chamei por Oliver que se encontrava a dormir debruçado sobre uma pilha de folhas.
- Acorda, paspalhão! Temos trabalho a fazer! - avisei brincando um pouco com ele.
Porém, ele nem um dedo movimentou. Voltei para trás para chamá-lo mais uma vez, mas não consegui alterar o seu estado de repouso. Este ritual repetiu-se por um bom período de tempo, até que decidi que tinha de fazer com que ele acordasse rapidamente. Olhei à minha volta e vi que na secretária ao fundo e vi uma pequena jarra que continha água. Sorrateiramente, dirigi-me até ela e agarrei-a firmemente, atirando o seu conteúdo para cima de Oliver que acordou, esbugalhando os seus grandes olhos verdes, olhando-me incrédulo.
- Reparaste bem no que acabaste de fazer? - vociferou, mirando a sua camisa branca perfeitamente engomada. - Estou completamente encharcado! 
- Desculpa, mas temos trabalho a fazer e vi-me obrigada a acordar-te desta forma, dado que não acordavas de forma alguma. 
Com um laivo de sarcasmo patente na sua voz, disse:
- O sonho de qualquer um é ser acordado como me acordaste.
- Contas-me as tuas mágoas pelo caminho. - disse, puxando-o para fora do escritório.
Para compensar a minha pequena maldade do dia deixei-o conduzir o carro até ao local do crime.
Estava um dia bastante solarengo, em antítese aos dias anteriores que se apresentavam com chuvas torrenciais, descargas eléctricas fortíssimas e ventos capazes de derrubar árvores. 
- Então, o que é que o Larry tem para nós? - inquiriu Oliver colocando os seus óculos de sol para lhe conferir um ar mais sério.
Oliver era um homem muito imaturo, apesar dos seus quase trinta anos. Achava que a vida era uma brincadeira, que podia descuidar-se porque iria sobreviver a tudo. Apesar dos seus defeitos, sabia ouvir os outros e... não deixava de ser o meu melhor amigo.
- Ele não especificou. Apenas me disse para nos dirigirmos para lá o mais rapidamente possível.
Oliver conduziu o carro até à morada indicada. 
Deparámo-nos com uma ruela com habitações um pouco luxuosas e com jardins que se assemelhavam a pequenos paraísos tropicais. Havia apenas uma que se destacava de todas as outras, pelo lado negativo. O seu telhado encontrava-se sem algumas telhas e alguns vidros estavam partidos. As cortinas dançavam ao sabor da brisa e um cheiro a queimado fazia-se sentir no ar. Restos de parede, madeira e vidros encontravam-se depositados no pavimento da estrada. Dezenas de pessoas olhavam com um ar aterrorizado, atrás de uma fita. 
Atravessámos o perímetro de segurança e dirigimo-nos ao interior da casa parcialmente destruída.
- Parece que passou por aqui a bomba nuclear e esta casa assemelha-se a Hiroshima e Nagasaki! - comentou Oliver, inspeccionando.
Sorri com o seu comentário.
- Não sejas tão hiperbólico! - fiz uma pausa. - Pode indicar-me onde está o inspector Larry? - inquiri a um membro da balística ali perto.
Mandou-me seguir sempre em frente. Assim o fizemos. Ao fundo da casa vimos uma porta entreaberta e um compartimento que outrora fora uma cozinha. Larry estava ajoelhado a ouvir o que um homem estava a dizer. Afastou-se um pouco e pude ver os pés em carne viva da vítima. Torci o nariz quando o cheiro penetrou nas minhas narinas.
- Não é uma boa maneira de se bater as botas... - disse Oliver, suspirando.
Tentei não sorrir.
- Larry, chegamos. - informei, dado que ele não nos tinha ainda vislumbrado.
Ele levantou-se, exibindo o seu fato novo Hugo Boss e não sorriu, o que não era habitual.
Apesar de já ter os seus quarenta e muitos anos, era um homem simpático, fácil de lidar e extremamente charmoso. Parecia ter cerca de trinta anos. As rugas conferiam-lhe um charme superior. 
- Como vocês são uns novatos nisto, e como maneira de vos testar, tentem imaginar o cenário do crime.
Afastou-se de modo a que pudéssemos observar o cadáver. Alguém me estendeu um par de luvas. Dei um passo em frente e rondei o corpo. Oliver fez o mesmo.
 Após visualizar  com atenção e ter feito umas observações, tentei dar resposta àquele crime.
- Aparentemente houve uma explosão. - disse Oliver.
- Sim, podemos comprovar isso com o lastimável estado da habitação, e podemos abordar os habitantes da rua, caso seja necessário. 
Voltei a dirigir-me para próximo do cadáver. Fiz algo que nunca tinha feito e que podia ter corrido mal. Virei com cuidado o corpo e reparei que haviam buracos nas costas diferentes dos causados pela explosão. 
- Larry, aqui tem uma coisa... Pode chegar aqui?
Quando chegou ao meu lado, apontei-lhe o que tinha encontrado.
- Mike, chama a balística e membros do laboratório forense. 
O subordinado lá foi, voltando minutos depois com as pessoas que o inspector havia pedido.
Mandaram-nos sair porque o espaço era pequeno e precisavam de trabalhar. Apesar de Larry barafustar com eles acerca do espaço, eles conseguiram ganhar e nós tivemos de ir para o exterior.
- Eles vão demorar muito a saber os resultados? - inquiri.
- Tudo demora o seu devido tempo. - respondeu Larry calmamente.
- "Tudo a seu devido tempo." - disse Oliver imitando a voz de Larry.
Não consegui conter o riso.
- Essa é a minha voz, Oliver Robbins? - questionou.
- Não, senhor.
- Ainda bem. De qualquer das formas o senhor não sabe imitar a minha voz. Não tem qualidade para isso. 
Novamente sorri.
O vento começava a soprar com maior intensidade e grandes massas negras anunciavam queda de chuva. Decidi ir ao carro buscar o meu casaco.
- Peço desculpa, eu sei que coopera na investigação de Brandon Collins. - ouvi uma voz a dizer-mo.
Votei-me para trás e vi um homem com cerca de trinta anos, com roupa de treino e com uns phones nos ouvidos, que rapidamente tirou. Exibia uma uma estatura forte e musculada. Os seus olhos eram verdes claros e o seu cabelo era castanho-escuro que lhe caía liso até meio do seu pescoço. Tinha uma voz suave. Tão suave que parecia veludo. Fiquei abismada com a sua beleza exterior.
- Sim, - gaguejei - estou a cooperar na investigação.
Ele limpou a sua mão às suas calças Adidas.
- Jared McCallen. Sou jornalista. Ou melhor... pseudo-jornalista. Faço-o para o jornal da cidade. - sorriu.
- Hum... Hazel Ackles. Quer saber algum tipo de informação ou algo do género?
- Sim, se puder.
- Pode mostrar o seu cartão?
Ele retirou-o e mostrou-mo. Parecia fidedigno. 
Retirou um gravador e colocou em frente à sua graciosa boca.
- O que nos pode dizer sobre este assassinato? Ou acha que foi suicídio?
- A tese de suicídio foi posta de parte, dado que vítima apresentava ferimentos de balas nas costas. A vítima nunca conseguiria balear-se nas costas. Foi confirmada a existência de uma explosão. Estamos, actualmente, à espera dos resultados da equipa forense do laboratório local
Notei que o seu semblante distorceu-se um pouco com a minha resposta. O sorriso havia desaparecido, dando lugar à preocupação ou receio.
- Está tudo bem? - questionei.
- Sim. - respondeu. - É que eu tenho uma imaginação muito fértil neste tipo de casos e pus-me a imaginar coisas... você sabe. - fez uma pausa voltando a colocar aquele sorriso encantador na cara. - Vamos prosseguir... - fez uma curta pausa. - Então, acha que não foi um crime perfeito?
- Não há crimes perfeitos. Há sempre pontas soltas, sempre algo em que possamos pegar. Há certas coisas que escapam aos assassinos, muitas coisas podem ser mínimas para eles mas para nós é um começo. Óbvio que quando as provas escasseiam, o caso não pode ser resolvido mas neste, a meu ver, vai ser difícil descobrir mas vamos chegar lá.
- Não nos pode dizer que tipo de erros que são normalmente cometidos?
- Há diversos tipos de erros que não me são permitidos revelar. 
Ele sorriu.
- Aceita jantar comigo na próxima noite? - inquiriu.
- Se é para tentar arrancar informação de mim, pode esperar sentado... - avisei.
Ele atirou o gravador contra uma árvore que havia ali perto, desfazendo-se instantaneamente.
- Isto chega-lhe?
- Aceito.
Ele soltou uma gargalhada. 
- Amanhã passo por sua casa às oito da noite. - informou.
- Sabe onde moro? - inquiri desconfiada.
Ele ficou um pouco atrapalhado.
- Tinha esperança que mo dissesse...
- No quarteirão seguinte. Estarei à porta, caso não saiba qual a porta.
- Obrigada por aceitar. - disse, sorrindo novamente. Deu-me um cartão para a mão. - Aqui tem o meu número.
- Ei! Hazel! Vem trabalhar! - gritou Oliver.
Olhei para trás e vi Jared olhar para ele.
- Parece que vou ter de ir. - disse.
- Amanhã encontrámo-nos. Prometo não desapontá-la.
Pegou na minha mão e beijou as suas costas. Fiquei ruborizada e tentei escapulir-me dali o mais depressa dali. Cheguei próximo de Oliver que me olhou com desaprovação.
- Não vês que ele se quer aproveitar de ti? És muito ingénua!
- Oliver, eu sei que és muito meu amigo e que queres o melhor para mim. Mas não te metas nisto. Eu apenas vou conhecê-lo melhor.
Ele sorriu com sarcásmo.
- És ingénua. Desisto! Depois vem para minha casa chorar!
- Se quiseres deixo de fazer isso! - vociferei.
- A vida é tua. Tu é que sabes...

To be continued...

7 comentários:

ana disse...

Muito bom mesmo!
Beijinho

Cláudia disse...

Olá Nyya :)
Gostei mto deste texto, sim sim.
Que tens feito?
Desculpa não te ter respondido, mas o tempo é escasso. Não tenho tido tempo para muita coisa. Só estudar, ir pra escola e trabalhar.
Só para teres noção, ontem adormeci com os apontamentos em cima de mim às 00h30.
Desculpa.

Beijinho Nyya :)*

Junior Rios disse...

Sensacional, criativa e emocionante!Parabéns pela história...Esperando a continuação!

Bjo

Anónimo disse...

muito charmoso mesmo ;p
mas este Jesse tem qualquer coisa xp

Anónimo disse...

algo me diz que isto ainda vai ter muito que falar! beijos

Cláudia M. disse...

Será que aquilo no Oliver são ciumes? A mim pareceu-me.

Continuarei a ler os restantes.

Diana Pereira disse...

Gosto! b