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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Jornalista - VII



O maldito despertador acordou-me. Coloquei os pés fora da cama, verificando o estado do tempo. Tinha-se instalado um autêntico vendaval. 
Olhei para Jared que dormia profundamente... não tinha coragem de acordá-lo. Entretanto, fui tomar um duche e preparar o pequeno-almoço. Quando acabava de colocar as torradas no prato, aparece Jared completamente desnorteado por ter acordado demasiado tarde. 
- Podias-me ter chamado mais cedo. Eu não me importava! - disse enquanto se colocou ao meu lado para lhe ajeitar a gravata preta. 
- Estavas a dormir tão bem que não te quis acordar... - confessei.
Ele sorriu e comeu uma torrada à pressa, pegando nas chaves do carro.
- Ah! Ontem ligaram-me a perguntar o preço do apartamento. - fez uma pausa. - Estás arrependida? - questionou.
- Não, não estou. - Sorri. - Podes vender o que quiseres.
Ele beijou-me com ternura a testa e obrigou-me a deixar de arrumar a mesa  que ontem ele tinha colocado, praticamente intacta.
- Estás bem? - perguntou enquanto conduzia.
- Óptima. Por que perguntas?
- Só queria saber como estavas. Só para me assegurar de que estavas feliz.
Sorri.
- Então, posso assegurar-te que sim.
Os meses seguintes foram de felicidade. Jared era uma pessoa dócil, sociável, fácil de lidar e contentava-se com as pequenas coisas. Acima de tudo, tinha um lado sensível aguçado, o que me agradava. Tinha também alguns defeitos... o ciúme era o principal. Ele não suportava Oliver! Era como se fosse um inimigo para ele e Oliver via-o da mesma forma. Eu tentava amenizar o clima mas eles olhavam-se de uma forma tão ameaçadora que eu temia que Jared não conseguisse controlar o seu génio mais cruel e partisse para a violência. Larry sempre teve o cuidado de não fazer com que eles fizessem uma parceria, obrigando-me a trabalhar constantemente com Oliver. A ideia não agradava a Jared. Andava sempre irritado e ciumento quando  eu era obrigada a colaborar nas investigações com o seu mais recente inimigo.
Eu não sabia o que ele tinha a temer. Eu havia assumido um compromisso para toda a vida com ele ou pelo menos assim esperava. Porém, as discussões sobre Oliver tornaram-se cada vez mais frequentes, mas a fera acalmava quase de imediato, temendo que eu me fartasse do seu temperamento. Depois, arrependido, pedia-me mil e uma desculpas. Eu queria ficar zangada com ele por duvidar da minha fidelidade, mas os seus olhos brilhavam como se as lágrimas estivessem prestes a cair em catadupa, e eu não tinha sequer coragem de o advertir. Danava-me com ele, mas nunca dizia nada e desculpava-o instantaneamente.
Entretanto, ele também vendeu parte dos seus bens para o nosso futuro. Conseguiu vender o apartamento, o seu carro e a moto que tanto gostava. Às vezes pensava a quanta sorte que tinha, ao invés de Oliver que teimava que ele era o "Fantasma". Por vezes também cogitava nisso, mas achava impossível alguém tão belo interiormente, ser capaz de cometer uma atrocidade como Oliver dizia. 
- Estive a fazer as contas... - começou ele enquanto pousava o casaco no sofá de pele. - e... - fez uma voz misteriosa. - com o dinheiro que poupei, podemos comprar uma casa maior no centro da cidade, ou então comprar uma casa noutro estado. - Começou a sonhar alto, enquanto me abraçava pela cintura. - Podíamos viver eternamente numa casa de campo. Assim, os miúdos teriam espaço para correr, comunicar com a Natureza, estudar os pássaros... as borboletas, apanhar umas flores silvestres para a melhor mãe do mundo!
Sorri e dei-lhe um beijo na face.
- Sonhas muito alto. - comentei. - Não que me importasse, mas desde que esteja contigo, serei feliz. 
- Eu sonho por mim e por ti... - sussurrou ao meu ouvido lentamente. - Sonhei com isto de noite.
Dei-lhe um beijo.
- Parabéns. - disse. - Hoje é o teu trigésimo terceiro aniversário! - disse com entusiasmo.
Ele olhou para mim céptico.
- Que dia é hoje?
- 21 de Junho. - informei.
Ele beijou-me novamente.
- Temos mesmo de ir trabalhar? - questionou olhando para o relógio. - Não me apetece nada... - disse desgostoso.
- É melhor irmos. Mas toma antes o pequeno-almoço, para não andares a comer batatas-fritas logo pelas dez da manhã como ontem.
Ele soltou uma gargalhada.
- E tu?- questionou enquanto degustava uma torrada.
- Não me apetece... parece que estou... cheia, não sei. Ontem comi comida de plástico e fiquei enjoada todo o dia. A Hannah obrigou-me a experimentar um novo hambúrguer e o meu estômago não o deve ter aceite. - fiz uma pausa. - Come tu.
Bebeu um trago de sumo e colocou o copo na máquina de lavar e dirigimo-nos para o trabalho.
- Podes conduzir mais devagar? - inquiri. - Maldito hambúrguer! - ripostei.
- Eu só estou a uma velocidade de 70 km/h. - referiu.
- Continua, então. - disse fazendo um trejeito com a boca.
Quando chegámos ao trabalho, Hannah, a estagiária com ar de nerd e que envergava quase sempre saia do tipo escocês com botas do liceu, esperava-me com um grande sorriso. 
- Jared, vai indo. A Hannah está ali. Deve querer dizer-me algo.
- Sentes-te bem? - questionou com um laivo de preocupação. 
- Mais ou menos. - respondi. -Vai trabalhar.
Dei-lhe um beijo e fui ter com Hannah.
- Bom dia, Sr. Hazel. - disse Hannah colocando os óculos direitos.
- Hazel, Hannah, Hazel! - vociferei. - Para a próxima, não vou contigo àquele maldito restaurante ou lá o que aquilo é! - ripostei - Estou enjoada por causa daquele hambúrguer que me obrigaste a engolir! É o que faz eu acreditar nos estagiários... - murmurei, apoiando-me num poste. Estava mesmo mal.
- Desculpe... não era a minha intenção fazê-la ficar nesse estado... lamentável.
- Ainda por cima, dizes-me que estou com um ar lamentável... Logo hoje que Jared faz anos...
Dirigimo-nos para o interior do edifício.
- Estás bem? - questionou Larry dando-me uma pequena palmada no ombro.
- Estou óptima... - murmurei.
- Se quiseres podes ir embora. Tens trabalhado exaustivamente.
- Não eu fico. - disse enquanto me sentava na cadeira.
Joanna teve de me substituir na investigação com Larry. 
Ao almoço mal toquei na comida. O cheiro entranhava-se nas minhas narinas, e causava-me repulsa.
- Não quer comer nada? - questionou Hannah, estendendo-me uma sandes de atum.
- Bah! Não me fales em comida! Ainda sinto o sabor daquele hambúrguer...
Hannah, abruptamente, sorriu.
- Não estará...?
- Hã?! Não estarei o quê? - questionei.
Ela não respondeu, limitando-se a sorrir. Comecei a perceber onde ela queria chegar.
- Achas que estou grávida?
- Acho. - respondeu enquanto dava uma última dentada na sua sandes.
- Acho que preciso de confirmar isso... - disse em pânico. - Empresta-me as tuas chaves e mente quando o Jared questionar a minha ausência.
Atirou-me as chaves e conduzi o seu velho Ford.

10 comentários:

Catarina disse...

gosto tanto da tua escrita +.+

ana disse...

Continua isto rápido!
Beijinho

Anónimo disse...

Não aguento mais de curiosidade!

Catarina disse...

so disse a verdade princesa +.+
concordo com eles. continua rapido *.*
e nao tens de que

Ruben Lopes disse...

Nananinanão! Não continues isto rápido não senhor! Continua sim com apetite, vontade, satisfação, inspiração e calma! a rapidez é inimiga da "perfeição".

Gostei (;

Ruben Lopes disse...

intitular as minhas publicações nunca foi grande problema meu, mas hoje juro que me deu uma branquita xD
Obrigado pela tua sugestão (:

Fred Caju disse...

Qualquer lugar que eu chego e está tocando Radiohead eu me demoro um tanto a mais. Mas garanto que não voltar apenas pelo Radiohead. Sim, pretendo voltar e muitas vezes. Abraços.

O Hospicio... disse...

oieee passando pra deixa um bjo!

daniela disse...

é verdadeee :) às vezes é mesmo assim

Lucy disse...

isso é um dom, adoroo =)
beijinhos*