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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Jornalista - XII

Vendo o meu semblante num estado alienado, tentou alcançar-me. 
- Não toques mais em mim. Não ouses sequer dirigir-me a palavra. - disse rispidamente ainda com uma grande dificuldade em assimilar toda aquela informação. 
- Hazel... eu... não.
- Tu o quê?! - questionei bradando. - Tu mentiste-me! Mentiste-me sobre quem eras, sobre o que fazias e ainda tens o descaramento e a esperança que te perdoe? - fiz uma pausa. Ele olhava-me completamente aterrado. - Tu assassinas pessoas! Percebes o quão grave isso é? - Sorri com escárnio. - Óbvio que não... para ti deve como fazer palavras cruzadas! 
Esgueirei-me até ao interior do edifício o mais depressa que conseguia. Não sabia exactamente o que pretendia fazer perante aquele cenário. Larry passou por mim mas nem se apercebeu do meu estado de choque. Peguei na minha mala e nas chaves do carro. Vesti o casaco e encerrei o computador. 
- Hazel, por favor, tens de me ouvir... - pediu ele choramingando agarrando firmemente o braço. 
Eu não queria desatar num choro compulsivo à frente dele. Tentei fazer com que ele largasse o meu braço, mas ele era forte. Olhei para ele pela primeira vez após ter recebido aquela notícia arrebatadora. Ele viu que eu o fixava e os seus olhos começaram a transmitir esperança. Ao contrário do que esperava sentir, não senti raiva... não senti ódio... não senti indiferença. Senti exactamente o que sentia por ele. Amor. 
- Hazel... - sussurrou com uma voz dócil e com as lágrimas a caírem-lhe copiosamente. 
Ao vê-lo assim, apetecia-me abraçá-lo, dizer-lhe que ainda o amava e tencionava amá-lo até o resto da minha vida. Porém, o meu lado racional dizia-me que tinha de fazer o oposto. Que devia denunciá-lo e romper todo o tipo de relações com ele. Apenas a minha mão conseguiu reagir àquela sua voz arrependida. Com uma velocidade considerável, a minha mão embateu contra aquele seu rosto angelical. Surpreso, olhou-me e largou-me o braço. Eu saí a correr com um sentimento de arrependimento e a chorar compulsivamente. Entrei no carro, bati a porta com fúria e respirei fundo umas tantas vezes. Vi Jared a correr até ao carro. Liguei-o imediatamente e arranquei a grande velocidade. Ele correu o mais depressa que pôde mas era impossível apanhar-me. Olhei através do retrovisor e vi que ele estava no meio da estrada a pedir-me para parar. Óbvio que não obedeci. 
O caminho pareceu-me de repente tão sombrio, obscuro. Dei por mim a pensar que parecia um joguete nas garras do destino. Oliver, o meu Oliver, tinha razão e eu ignorei-o, porque a aparente beleza quer interior quer exterior de Jared ofuscava toda a realidade. Como é que eu me pude deixar enganar durante mais de um ano? Eu que me considerava uma pessoa inteligente, com uma capacidade selectiva quase infalível... como fui cair nas garras de... de... Jared...? O que mais me exacerbava era o facto de eu continuar a não esquecer aquele seu rosto, o seu corpo marmóreo, o seu sorriso divinal, a sua pele sedosa e o seu olhar provocador e matreiro. Aquela sua voz que me seduzia cada vez que gesticulava uma palavra. Aquelas mãos que me arrepiavam cada vez que me tocavam serenamente no rosto. Queria esquecer. Esquecê-lo. Mas... sabia que era impossível. Olhei para a paisagem que se mostrava sombria, condizente com o meu estado de espírito. Encostei o carro na berma da estrada e pensei no que havia de fazer. Não tencionava magoar-me nem magoar o "pequeno McCallen", já que não tinha culpa no cartório de nada do que os "pais" tinham resolvido fazer. Reflecti um pouco, fazendo uma retrospectiva dolorosa desde o dia que o conheci até ao derradeiro dia. Ele sempre mostrou um grande interesse em saber o estado daquela investigação. Na primeira noite em que saímos, aquele bizarro assalto à minha mala, muito provavelmente tinha sido engendrado por ele. A sua súbita "paixão" por mim agora fazia sentido... o interesse. Jackson iria nascer do interesse de Jared. Óbvio que a nossa proximidade ir-me-ia obrigar a desvendar algo em casa, o que para ele seria óptimo! Para aumentar ainda mais a sua taxa de sucesso na escapatória à prisão, conseguiu arranjar um emprego que lhe permitia acesso quase total a todas as provas que ele necessitava de eliminar. Pela primeira vez em vinte e oito anos de existência, fumei. Sabia que podia viciar-me e ser-nos prejudicial, mas que tinha eu a perder? A minha vida estava parcialmente destruída! Para quê voltar a tentar remediá-la? Eu ia desaparecer do mapa. Queria estar bem longe de Jared e tudo o que me fizesse lembrá-lo. Estava prestes a perder o emprego e a fazer o impensável: reconciliar-me com a minha mãe e ir viver para Ohio onde podia encontrar um emprego na minha área e criar Jackson de uma forma simples e... solitária. 
Peguei no meu telemóvel e marquei o número de Oliver que não estava atribuído. Ele tinha razão... no final eu ia sempre chorar para os seus braços, mas desta vez... nem isso eu podia fazer.
Ouvi uma moto ruidosa a parar algures perto de mim. Perscrutei a rua que estava deserta e sem nenhuma casa nem alma viva num raio de dois quilómetros. Senti um grande arrepio e olhei através da minha janela. Não vi ninguém. Quando olhei para o lado do ocupante, vi um homem com um capuz preto que lhe cobria a face e com uma estrutura idêntica à de Jared. Susti a respiração e ele aproximou-se de mim com um pano branco na mão. Acariciou-me a face e depois obrigou-me a cheirar o líquido que tinha colocado no pano imaculado. Senti-me aturdida e perdi os sentidos.

6 comentários:

Junior Rios disse...

Oi Hayley!Desculpe minha ausências estes dias, mas estava sem tempo...Recuperando o tempo perdido aqui no seu blogue!A história não para de me surpreender...Esperando a continuação!

Bjo

adriana simões disse...

aaah fogo, esta lindo, comecei ontem a seguir o blog e ja deu p ver o quao bem tu escreves :)

Cláudia M. disse...

Amo cada palavra que escreves. Muito elaborados os teus textos.
Continua

Cláudia M. disse...

Exagerado nada!
Foi tão simples e sincero o que disse :)

The Traveller Diary disse...

Obrigada querida, ainda bem que gostaste♥ Ainda tenho muito que praticar e aposto que as tuas também são muito bonitas! :)
Vou ter definitivamente de explorar o teu blog! Já vi que também gostas de fanfics! :D Eu infelizmente não tenho jeito para as escrever mas para as ler heheh :P

beijinhos*

amarela disse...

tenho jeito para a fotografia ? :$