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domingo, 7 de novembro de 2010

O síndrome da Riqueza

Eu sempre pensei que o poder dominava a vida e que o dinheiro faria com que todas as pessoas me amassem. Sempre foi desse modo até um dia...
Os meus pais eram empresários e geriam uma enorme empresa na Carolina do Norte. Frequentei as melhores escolas do país. Todos os meus amigos, supostamente amigos, eram riquíssimos e eu frequentava as mais badaladas festas do estado. Vestia as marcas mais conhecidas, as roupas mais caras e tinha um cartão de crédito quase inesgotável. Tinha um motorista que estava disponível para me levar a qualquer local a qualquer hora. Os meus amigos faziam parte de uma classe social alta, tal como eu. A minha vida assemelhava-se a um conto de fadas! 
Mas tudo mudou quando apareceste. Apareceste naquele palacete a pedir emprego ao meu pai. Eu estava sentada com a Stephenie no sofá e tu passaste. Fiquei a olhar para ti, despregando o olhar apenas quando Stephenie inquiriu indignada " Estás a olhar para um pobre?". Despreguei logo o olhar e continuar a colocar o verniz nas minhas unhas. Na verdade, eu nunca consegui apagar da minha mente o teu rosto moreno, os teus olhos verdes e o teu corpo musculado sob uns simples jeans coçados e uma camisa sem mangas das mais baratas que podia existir no mercado. O meu pai contratou-te como motorista porque o outro pediu a reforma. Odiaste-me desde o primeiro dia que me viste. Toda a minha riqueza te enfastiava. A minha roupa metia-te nojo por ser tão cara. A minha maquilhagem parecia-te sempre exagerada. A minha vida, o modo como eu vivia, a área que eu tinha escolhido como profissão fazia-te odiar-me ainda mais.  Não compreendias a minha compulsividade em comprar coisas. 
Mas quando eu precisei, arriscaste a tua vida. Eu sempre soube que apesar de dizeres que se algum dia namorasses com alguém esperavas que em nada se parecesse comigo, esperavas que eu desse o primeiro passo. 
Ainda me lembro como se fosse hoje. Pedi-te para me levares para a faculdade. Como de costume, entre dentes, indagaste-me se eu não tinha mãos para conduzir ou se tinha medo de partir uma unha ou estragar o verniz. Para não me zangar, sorria-te com acrimónia.
Durante o caminho começaste uma conversa que me fez emocionar. Sempre pensaste que eu era uma serpente, sem sentimentos. Rotulaste-me sem me conhecer verdadeiramente.
- Sabes porque razão te odeio assim? - questionou ele enquanto conduzia.
- Adoraria saber. - respondi.
Suspiraste.
- Porque tu fazes-me lembrar a Hannah.
- Hannah? Hannah Montana? - inquiri gracejando.
- Isso é humor de pessoas ricas? Sinceramente, és uma miséria. - Fez uma grande pausa. - Hannah era a minha namorada de infância.
Calei-me por breves instantes.
- Isso é bom? Fazer-te lembrá-la?
- Não. - respondeu. - Ela era bem melhor que tu. Era pobre. 
- Achas que tenho culpa de ter nascido rica? - inquiri subindo o meu tom de voz.
Riste-te de mim às gargalhadas.
- Não, não tiveste mas vives a vida como se fosse uma festa. Pensas que toda a gente te idolatra. Pensas que o dinheiro faz de ti uma pessoa que todos querem conhecer! És a pessoa mais imatura que conheci em toda, toda a minha vida!
- Óptimo! Porque tu és a pessoa mais estúpida que conheci em toda a minha vida! - vociferei.
Um silêncio ensurdecedor inundou o veículo.
- Tu estás tão enganado acerca de mim, Caleb. Tão enganado... Ninguém me idolatra e nem eu nunca pensei nisso. Tu rotulaste-me desde sempre! Isso de os ricos serem pessoas más, egoístas e avarentas é um mito! Eu posso ser avarenta, posso ser vaidosa mas eu não sou má nem egoísta. Se eu fosse egoísta, não estava numa área que se prontifica a ajudar os que mais precisam.
Tu não sabias que eu estava a estudar para ser assistente social. Sempre pensaste que eu estava a estudar advocacia.
- Surpreendeste-me. - disseste com ironia. 
- Eu desisto de tentar mostrar-te que sou boa pessoa! - avisei sem paciência para ouvir mais acusações de Caleb.
Novamente o silêncio inundou o carro.
- Sabes, Ariel, tu és mesmo muito mimada. Hannah também o era.
- O que é feito dela? - questionei-te.
Olhaste para mim com os olhos vermelhos. Presumi que algo de mau lhe tivesse acontecido.
- Morreu. Há três anos. Foi atropelada... antes que faças mais perguntas contundentes.
- Lamento...
- Lamentas? Não lamentas nada! Gostas tanto de mim como eu gosto de ti! - alegaste com acrimónia.
Fingi não ter ouvido o que disseste porque eu não te queria magoar. Aliás, eu tentava nunca responder-te porque não te queria magoar.
- Ainda a amas?
Paráste o carro subitamente. Desocupaste o teu lugar e abriste a minha porta com força. Sentaste-te ao meu lado e pronunciaste docilmente.
- Não tanto quanto a ti.
Eu sempre soube que sentias algo por mim. Talvez nunca tivesses sentido tanto quanto eu. Mas... Hannah não nos queria juntos. Ela sempre te quis ao seu lado. Sempre quis que permanecesses com ela.
Enquanto nos beijávamos, um camião colidiu connosco.
Ficamos ambos em coma. Entramos no hospital com traumatismo craniano. Eu sobrevivi, embora permaneça para sempre nesta cadeira. O meu sonho de ter a minha própria família, de ajudar quem necessitava, pura e simplesmente terminou cedo. E tu, meu anjo, foste ter com o teu amor de infância.


By Hayley

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