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domingo, 16 de janeiro de 2011

O Jornalista - V

Os dois dias que foram passados sem Jared foram um autêntico martírio. Não estava habituada a uma casa tão silenciosa. Costumava ouvir um constante premir de teclas e a sua voz a cantarolar músicas que ouvia na rádio. Ele passava a maioria do tempo em casa, a escrever colunas e mais colunas para o jornal da cidade.
Dediquei-me à pesquisa de dados dele. Vim a descobrir que afinal o homem tinha-se enganado no nome do aluno. No ano em que ele tinha frequentado a faculdade, existiam dois Jared Charles McCallen, tendo o outro aluno outro apelido no final. O homem ligou-me pedindo-me desculpas. Fiquei bem mais aliviada e descartei novamente essa hipótese. No trabalho aproveitei para ver se ele tinha cadastro, mas estava limpo. Verifiquei o nome dos seus pais e irmãos e coincidiam. Falei com amigos dele e todos me confirmaram que ele tinha tirado o curso em jornalismo e que nunca fora um jornalista muito conceituado, embora lutasse para isso. 
Oliver começou a ir trabalhar novamente, o que me alegrou ainda mais. A primeira vez que o vi fiquei perplexa a olhar para ele. Não parecia o Oliver que eu tinha conhecido. Carregava as suas malas morosamente e tinha deixado crescer a barba. Quando me viu, não sorriu. 
- Olá Hazel. Como tens andado? - questionou enquanto me dava um abraço.
- Bem, e tu? Não imaginas o quanto me deixaste preocupada! Eu preocupo-me contigo, sabes disso não sabes? 
Mudou de assunto.
- Gostaste das minhas flores?
Gaguejei.
- Hum... gostei, sim, óbvio que gostei.
Ele sorriu com ironia.
- Ouvi dizer que tu e o Jared estão a dar-se lindamente.
Suspirei.
- É verdade. Já estamos juntos há algum tempo.
- Eu sei. - disse-me olhando nos olhos. - E sei que embora não tenha conseguido provar nada, que ele é o assassino que tem feito esta série de assassinatos. Eu não percebo como consegues ser mesmo cega! - vociferou. 
Comecei a ficar nervosa.
- Eu estive a investigar estes dias em que ele esteve fora e ele não é quem tu pensas! E mesmo que fosse, eu continuaria a amá-lo e a ser amiga dele. Eu nunca me fez nada de mal, sempre foi impecável para mim, ao contrário de ti. - disse com nervosismo deixando-o a barafustar.
No dia seguinte fui buscar Jared ao aeroporto. Quando vi o avião a chegar, corri o mais que pude até ao interior do edifício. Subitamente vi-o a caminhar com o ar um pouco abatido. Trazia a máquina fotográfica ao pescoço e carregava as malas nas mãos. Olhava para todos os lados e quando e viu sorriu. A minha condição física já não era a mesma de há seis ou sete anos, por isso ainda estava ofegante. Porém, ele ainda teve forças de correr mesmo com o seu aparente cansaço.
Ele nem sequer me disse nada. Abraçou-me como se não me visse há mais de uma ano.
- Estava a ver que nunca mais voltava... - murmurou.
- Ainda bem que voltaste. Aquela casa era um tédio com a tua ausência. - confessei. 
Abruptamente, afastou-me.
- Vamos embora. Estou cansado. Mal posso esperar por cair na cama e comer um hambúrguer. 
Caminhamos até ao exterior e eu conduzi o carro. O apartamento ainda ficava um pouco longe do aeroporto, pelo que ele acabou por adormecer. Baixei o volume da música.
- Podes deixar estar assim. Não estou a dormir.- disse ele recostando-se no banco.
- Está bem.
Ele abriu os olhos e bocejou.
- Estás esquisito. O que se passou? - questionei enquanto contornava uma rotunda.
- Tu também estás, Hazel. 
Sorri.
- O que andaste estes dias a fazer?
- Quando cheguei fui para o hotel, depois fui a uma conferência e entretanto houve um acidente na estrada nacional. Dirigi-me para o local, tirei umas fotos, investiguei umas pessoas e quando acabei fui para o hotel. No dia seguinte liguei-te, preparei as malas e reparei que estava a chover torrencialmente. Liguei para a agência de viagens a pedir uma passagem de avião mais cedo, mas não conseguiram. Senão tinha chegado ainda ontem.
Pelo caminho ele relatou-me mais pormenores da sua viagem. Apesar de estar cansado, falava exaustivamente. Parecia mesmo que já não me via há mais de um ano. 
Chegámos finalmente ao apartamento. Ele não quis que o ajudasse a levar as malas. Preferiu que eu lhe confeccionasse um daqueles hambúrgueres que só eu sabia fazer. Fui subindo as escadas até que ao cimo encontrei Oliver sentado nos degraus. Estremeci. Jared vinha mesmo atrás de mim. 
- Olá Oliver. O que fazes aqui?
- Vim apenas falar contigo. Desculpa o que te disse ontem.
Olhei para trás e vi Jared a bocejar sem ainda ver Oliver. Levantou a cabeça e viu-o, olhando-o com um ar ameaçador. Oliver fixou-o também.
- Hum... Oliver... este é o Jared. - disse, tentando romper aquele clima.
Jared agiu com normalidade. Estendeu-lhe a mão. Só esperava que ele não lhe desse um murro.
- Eu sou o Oliver. - disse cinicamente.
- Eu sei. Hazel passa a vida a falar em si! É bom finalmente conhecê-lo! - disse também cinicamente. Ele não podia com ele mesmo sem o conhecer.
- Imagino... - murmurou. - Bem, cheguei em má altura. Amanhã falámos, Hazel. - disse. - Adeus, Jared. Prazer em conhecê-lo pessoalmente! 
- Igualmente, amigo. 
Oliver desceu as escadas e Jared teve um ataque de ciúmes.
- Não gosto nada dele! Tão cínico! Já me deixou mal disposto para além de cansado. - resmungou.
- É impressionante como ele mudou...
Enquanto Jared desfazia as suas malas e colocava a roupa na máquina para lavar, preparei-lhe o hambúrguer. Comeu-o em instantes. 
- A comida de lá era uma autêntica porcaria. Eu prefiro os teus jantares, almoços e lanches àquela comida demasiado requintada. Bah! - fez um trejeito com a cara.
- Fico contente que gostes mais de comida simples do que aquela toda requintada! - comentei sorrindo.
Ele sorriu dando a última dentada no seu segundo hambúrguer.
Depois do jantar, sentei-me na cama e comecei a ler um livro que ele me tinha dado numa das últimas viagens. Ele deitou-se e fechou os olhos, voltando-se para mim. Pensei que ele tinha adormecido porque passei mais de uma hora a ler. Deitei-me e apaguei a luz. 
- Hazel, tenho uma coisa para te dizer... - disse ele abrindo os olhos.
Apanhei um susto quando ele começou a falar. Pensei que estivesse a dormir.
- Eu tenho 32 anos. Daqui a dois meses tenho 33. Daqui a sete tenho 40. - continuou. - Tu tens 28, daqui a um mês fazes 29. Daqui a sete anos terás 37.
Não estava a perceber o seu racicínio.
- Onde queres chegar com isso, Jared?
Ele silenciou e suspirou.
- Eu quero um filho.

11 comentários:

Junior Rios disse...

Será que vai chegar um filho na história?Curioso...

Lord Daniel Salem disse...

Venho agradecer por tua adorável visita^^
Eu adoro quando tu me visita, viu?
Fico muito feliz!
Espero ver mais vezes :D

bjs e adoro-te!
Volte sempre!

Catarina disse...

Muito obrigada querida.
Estou a adorar a tua história :)

Andrea Soares disse...

adorei !

Andrea Soares disse...

Ohh, muito obrigada :) vou seguir-te, gostei imenso do teu blogue!

Lucy disse...

Adoro essa série =) Fabulosa =)

Anónimo disse...

ui e agora??

lara beatriz disse...

Ó, de nada, gosto muito dos teus posts, principalmente dos do Jornalista, estão fantásticos. :)
Obrigada, mas não se comparam aos teu. :o
Beijinho. :*

lara beatriz disse...

eu adoro, mesmo. :o
acho que tens muito talento. :)
Beijinho grande. :*

daniela disse...

tu escreves mesmo muito bem :) estou a seguir

Cláudia M. disse...

Wow! Será que vão dar esse passo?
Hum...