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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O Jornalista - VI


Aquela frase ecoou na minha cabeça. Olhei para ele para verificar se ele estava a brincar, mas, porém, ele falava muito a sério.
- Estás a falar a sério, não estás? - questionei temendo a sua resposta.
Ele acariciou a minha face.
- Sim, estou mesmo a falar a sério. Acho que já chega de esperar. Se estamos à espera do momento certo para tudo, acabamos por nunca realizar.
- Tu estás-me a pedir que dê um grande passo... - Fechei os olhos. - Sentes-te capaz de ser pai? Diz-me a verdade.
Ele sorriu com a ideia e pôs-se a pensar durante um bocado enquanto mexia no meu cabelo.
- Sim. Porque não? Seria bom ter alguém a quem eu pudesse ensinar a jogar basebol. Alguém com quem eu pudesse assistir aos jogos de râguebi e de basebol. - fez uma pausa. - Eu tenho 32 anos. 32. Já não sou propriamente uma criança ou um adolescente. 
Suspirei.
- Trata-se de uma vida, Jared. Alguém que pode vir ao mundo e eu não sei se estou preparada para esse passo. - confessei. 
Ele olhou-me com indignação.
- Tu não queres ter um filho? Comigo? - questionou.
- Não é isso. É uma nova responsabilidade. - argumentei. - Eu teria de ter uma casa maior, tu terias de arranjar um emprego mais perto e que não implicasse tantas viagens. Teríamos de ter uma estabilidade financeira, coisa que eu não tenho para já.
Ele ficou um pouco melancólico e voltou-me as costas.
- Isso é um não, não é? - questionou puxando o lençol.
- Não. - vociferei. - Não é um não. É um assunto a ponderar.
Lentamente, voltou-se para mim com um grande sorriso estampado na sua face bela.
- Então é um sim? - questionou levantando-se para pegar no jornal que estava na cadeira.
Com timidez, respondi afirmativamente.
Ele abraçou-me, pousando o jornal na cama.
- Eu vou vender o meu apartamento, um dos meus carros e quem sabe a minha moto. - A euforia era evidente. - Eu vou procurar outro emprego. Não me importo que seja na construção civil! - Puxou-me contra o seu peito forte. - Ajuda-me a escolher um emprego.
Passamos a noite quase toda a enumerar com um marcador vermelho os empregos que mais lhe interessavam. Subitamente vi o nome do escritório onde eu trabalhava a pedir um funcionário para relações públicas. 
- Jared, olha este aqui. - Disse apontando para o pequeno anúncio, quase imperceptível, que se referia ao local onde eu trabalhava. 
- Parece-me bem, Hazel. Amanhã ligo para lá. Agora é demasiado tarde, estou mesmo muito cansado. Acho que se não fosse esta notícia, teria adormecido há muito. - disse apagando a luz.
- Então dorme. Amanhã temos de procurar-te um novo emprego. 
Deu-me um beijo e virou-se para o outro lado, adormecendo quase de imediato.
Era evidente que ele estava feliz. Era quase impossível definir uma palavra que se encaixasse no seu actual estado de espírito. Na verdade, a ideia assustava-me muito. Não que não quisesse ser... mãe mas era uma coisa que eu nunca imaginei vir a ser. Outro problema eram as nossas famílias. O elo de ligação entre mim e a minha família tinha-se rompido de vez há imenso tempo... Quanto à dele, não queria que um eventual filho meu estivesse rodeado de taciturnos. 
Passei grande parte da noite a pensar no nosso futuro. Nunca tive muito jeito para crianças. Sempre as achei umas mimadas e um tanto maçadoras. Mas... não eram as "minhas crianças", como costumava dizer a minha mãe.
Finalmente adormeci, quando os primeiros raios de sol penetraram através da persiana.
Olhei para o relógio. Marcava nove menos vinte. Levantei-me desajeitadamente e vi que Jared não estava ao meu lado. Chamei por ele e ouvi uma voz vinda da cozinha. 
Vesti-me rapidamente e fui para a cozinha, de onde provinha um cheiro a queimado.
Deparei-me com Jared vestido com um fato preto e gravata, com sapatos em vez de ténis e o seu cabelo muito bem penteado. Comecei a rir-me.
- Está assim tão mau? - questionou enquanto ajeitava o nó da gravata.
- Não. Estás... diferente. - disse, zombando dele.
Ele sorriu.
- Preparei umas torradas que estão mesmo muito torradas. - fez uma pausa. - Vou a uma entrevista, que por acaso fica no local onde trabalhas.
- Óptimo! Eles vão gostar de ti, aposto! - disse enquanto tentava colocar as torradas no lixo. Estavam muito queimadas.
- Todos menos Oliver. - referiu. 
- Então despacha-te porque vamos chegar atrasados.
Jared conduziu o meu carro e entrou comigo. A primeira personagem que nos apareceu, foi Oliver. Estava extremamente bem disposto. Não parecia o mesmo cínico que tinha aparecido em casa há uns dias atrás. Notei que Jared ficou muito nervoso, dado que apertava-me a mão com demasiada força.
Ele dirigiu-se a nós.
- Olá! - cumprimentou jovialmente. - Esqueço-me sempre do seu nome... - disse voltando-se para Jared. - Jared, não é? 
- Quem não te conhecer que te compre, Oliver. - murmurei.
Ele sorriu não se parecendo importar com a minha observação.
- Bem, desculpa mas vou ter de te roubar a Hazel durante este dia.
- Hum... Está bem. Trá-la intacta, de preferência. - Largou-me a mão que estava vermelha. 
- Até já. Depois liga-me. - despedi-me dele.
Ele sorriu. 
Quando já estava no exterior do edifício para ajudar Oliver a entrevistar uma pessoa que alegou ter visto alguém a entrar na casa da vítima, disse-lhe com acrimónia:
- Podias ser um pouco menos cínico para ele. 
Ele sorriu.
- Ele é falso. Já te disse que não gosto dele e que ele é o "Fantasma". Só ainda não to provei. - vociferou.
- Isso não vai mudar o compromisso que tenho com ele. - referi entrando no carro.
Ele bufou de impaciência.
- É óptimo saber disso...
- Sabes, eu tenho saudades do Oliver que me apoiava, que sorria naturalmente. Não gosto do Oliver hipócrita, com a mania da perseguição, sisudo e sem sentido de humor. - disse-lhe tentando persuadi-lo para que voltasse ao normal.
- Sabes porque não te apoio? - questionou, encostando na berma da estrada molhada. - Porque estou farto de te ver sofrer por causa de homens que apenas merecem o teu desprezo e que os espezinhes. Eu não te quero ver a passar pelo mesmo com Jared, sabendo eu a pessoa que ele realmente é. É isso que me faz viver numa agonia. Eu preocupo-me demasiado com as pessoas, baldando-me para mim. Portanto, qualquer que seja a tua opinião sobre ele, está errada. Ele só se está a aproveitar de ti para obter algo que eu não sei. 
Não respondi ao que ele estava a insinuar. 
- Quando tiveres provas, quando mo provares, terei todo o gosto em admitir que errei. Até lá, estarei com ele e quem sabe mesmo depois. 
O meu telemóvel tocou e eu apressei a atendê-lo.
- Parece que podemos vender o meu carro. - disse Jared.
- Porquê?
- Podemos partilhá-lo quando viermos trabalhar. - respondeu quebrando o mistério.
Quase pulei de alegria.
- Isso é óptimo!
- Sim, é mesmo óptimo! - disse eufórico. - Larry está a ser impecável comigo. Quer que comece já hoje. Depois falamos! - fez uma  pausa. - Amo-te.
- Eu também.
Desliguei a chamada.
- Eu não digo que ele está a tentar obter algo?! 
- Cala-te e recomeça a condução. - disse já irritada.
Ele obedeceu-me de mau grado. A viagem de ida foi feita em silêncio, bem como a de volta. Quando chegámos, Larry estava novamente a barafustar com alguém através do telefone. Jared estava sentado na cadeira em frente à de Larry a rir-se. O fato ficava-lhe mesmo bem! Entrei sorrateiramente, sentando-me na outra cadeira. 
- Como estás? - questionei, sussurrando.
- Acho que nunca tive tanta felicidade junta. - respondeu, exibindo um dos seus melhores sorrisos.
Larry terminou a chamada e abanou a cabeça.
- Este pessoal é maluco... - fez uma pausa. - Ora, sabendo do vosso tipo de relação não quero que andem aqui a demonstrá-la. Portanto, vejam se se controlam minimamente. Agora, é melhor irem trabalhar. - Ambos nos levantámos. - Hazel, podes esperar só um segundo?
Voltei a sentar-me.  
- Acho que tenho de te pedir desculpas pelo meu erro. Ele não é quem eu imaginava. É um excelente homem. Palavra de honra que me arrependo de parte do que disse, mas ele é assim tão sorridente?
Sorri.
- Tem andado demasiado sorridente com certas ideias...
Larry sorriu.
- Que tipo de ideias?
- Logo saberá.
- Bem, mas não descarto ainda a hipótese de ele ser quem Oliver diz que é. - Levantou-se. - Podes ir. Já disse o que tinha a dizer. 
Levantei-me e caminhei até à minha secretária. Oliver esperava-me fielmente.
- Eu vou ser quem desejas que eu seja. - disse.
- Eu não quero que sejas quem eu quero. Só quero que sejas quem és, sem me magoar e sem interferires na minha vida. 
Após um par de horas com os olhos enterrados no computador, fui embora com uma companhia óptima que me levou a casa.
Jared quis fazer o jantar e mandou-me ir ao Centro Comercial, sair com as amigas ou qualquer coisa do género, mas para me manter fora de casa. Ele ia encomendar comida, fazer de conta que sujava uns pratos... típico. Mesmo assim fui ao Centro Comercial.
Na verdade não me apetecia nada comprar roupa ou acessórios. Esperei que as nove da noite chegassem mas o relógio não dava tréguas. Às oito e trinta decidi ir para o carro e dirigir-me para casa de uma forma mais lenta que a normal.
Quando cheguei a casa, estava tudo escuro. A parede da sala tinha sido "transformada" numa paisagem de Nova Iorque. Uma mesa redonda com velas preenchia o centro da sala. Cheirava bem. Não sabia precisar do que se tratava, mas parecia óptimo. Dirigi-me à cozinha onde vi Jared atarefado a mexer duas panelas ao mesmo tempo. Tirei-lhe a colher da mão e mexi.
- Já chegaste? Eu disse que era só às nove!
- Eu não consegui esperar. Desculpa.
- Agora vais-me ajudar. - disse atirando o avental para cima da bancada.
Coloquei o que ele tinha preparado numa travessa colorida que ele tinha trazido de sua casa e levei para a mesa. Ele puxou-me a cadeira para me sentar, sentando-se de seguida. Comi um pouco do seu prato. Estava realmente bom!
- O que é isto? Está mesmo bom! - disse com a boca cheia.
- É um prato próprio. A minha mãe ensinou-mo sem lhe dar um nome, mas se preferires podes chamar-lhe "Jared". Eu não me importo.
Esbocei um sorriso matreiro. Ele percebeu.
- Podes explicar-me o por quê disto tudo?
Ele limpou a sua boca e levantou-se. Fiquei céptica em relação ao que ele ia fazer... ou dizer.
- É para marcar a tua transição de vida. 
Aproximou-se inexoravelmente de mim. Não o repeli. Deu-me um beijo desesperado e transportou-me para o quarto.

21 comentários:

ana disse...

Hayley, isto está notável! Daqui a pouco chega a livro :D
Beijinho*

ana disse...

Obrigada :)
Quanto à sondagem, coloquei que achava que devias mudar o nome, e espero que não leves a mal. Mas a minha opinião, o titulo do teu blog poderia ser mais apelativo, já que o conteúdo em geral é fantástico. E o nome ajuda a 'chamar' leitores, e isso só te traz benefícios. Considera isto como um conselho de uma amiga virtual :D
Beijinho grande*

Ruben Lopes disse...

Deverias realmente pegar nesta história e transforma-la num livro (;
Mas com calma, cada coisa leva o seu tempo(: Não queiras ser apressada e despejar no teu blog, à "força", todos estes capítulos seguintes.
Está realmente bom (:

Ruben Lopes disse...

Não não fui exagero, acredita.
Não disse que tinha que ser agora, ou o mais rápido possivel.
E não tens que te comparar a ninguém além de ti própria. É contigo mesma que tens que te comparar. Olhar para trás e ver o teu trabalho desenvolvido ao longo do tempo. Analisá-lo e ver que podes melhorar, porque com a escrita nós melhoramos não só a nossa forma de estar, pensar ser ou escrever, mas também a maneira de como nos expressamos e cada vez mais isso vai-se notando a cada trabalho novo. E é daqui que provem o aperfericoanmento, porque a cada dia somos ainda mais perfecionistas.
E obrigado pela tua opinião do meu poema.
Se não disse antes, digo agora: Sigo * (:

ana disse...

Olá. Ainda bem que não levas-te a mal. Sempre te considerei uma pessoa que aceitasse bem as criticas, mas nos dias que correm, já não sabemos discernir correctamente quem é "normal" ou não, e às vezes temos certas surpresas, se é que me entendes.
Quanto ao novo nome do blog, sei que arranjas melhor!
Beijinho grande*

ana disse...

Coloca vários nomes que te agradem na sondagem, e escolhe a partir das escolhas dos teus leitores, assim já sabes o que suscita mais interesse!

ana disse...

Também eu estou cheia de sono. De nada, sempre às ordens!

ana disse...

E já o fiz :)

- Paty disse...

são lindas, são realmente lindas (:

Anónimo disse...

comcordo plenament com o Ruben Lopes, e tu bem sabes que é a verdade!

Catarina disse...

está absolutamente fantástico :o

lara beatriz disse...

Muito obrigada, a sério. :)
Beijinho :*

daniela disse...

Não tens de agradecer. Textos como estes vale bem a pena ler
!

daniela disse...

dá vontade de continuar a escrever, mais e mais :)

Junior Rios disse...

Olá Hayley...Não me canso de ler esta história, a cada dia mais surpreendente!Tem selos para você no Sin Parangón, passa por lá depois!

Bjo

ana disse...

A serio? Obrigada pelo elogio. Fico muito feliz por saber isso. E tens toda a razão, sou um pouco incompreendida por maior parte das pessoas da minha idade.
Beijinho!

ana disse...

Tal como eu! E olha, gosto do novo título do blog.
Beijinho

ana disse...

Pois, e raparigas dessas é o que não falta, hoje em dia.

lara beatriz disse...

Quem me dera, ter metade do jeito que tens para escrever. (:
beijinho :*

Liv. disse...

de nada :')

RuteRita disse...

maravilhoso !