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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Como Desaparecer Completamente - Ajuda (Cap. V)

Um som incomodativo fazia-se ouvir. O tiquetaque constante do relógio posicionado na parede imaculada estava a irritar-me de tal forma que me apetecia açambarcá-lo e atirá-lo pela janela fora. Os passos largos e pronunciados das pessoas naquele corredor causavam-me dor de cabeça. Conseguia ouvir ainda o ruído proveniente do exterior: os caixotes do lixo a serem despejados no camião, as tampas a fecharem-se ruidosamente, os carros que passavam na auto-estrada em direcção a Norte e uma música irritante que provinha de um carro que circulava na auto-estrada.
O meu relógio anunciou as três da madrugada. Há cerca de vinte minutos que estava consciente mas ainda fraca para mover qualquer membro. Levantei um pouco a cabeça, ainda latejante, e vi as pontas dos meus pés ao fundo da estreita cama. Tentei levantar-me mas algo me prendia. Olhei ao meu redor e vi que algo me prendia de modo a não tentar fugir... Estava, basicamente, encurralada e não podia escapulir-me daquele hospital que insistia na minha insanidade. Inutilmente, tentei desprender-me daquelas fitas que me aprisionavam exercendo toda a força que tinha na infeliz expectativa de me transformar na Mulher Maravilha ou em qualquer mutante detentor de uma força sobrenatural. Bufei, impaciente.
Sem nada que me valesse nem que me distraísse, coloquei-me a pensar no que se havia passado. Porém, só me lembrava da face de Stephen. Apesar da minha dor de cabeça, sentia-me mais leve. Não me sentia tão fraca como outrora. 
Olhei para o meu lado esquerdo. Uma garrafa de soro elevava-se e fazia cair por acção da gravidade gotas que escorriam através de um tubo, entrando no meu braço. Uma outra máquina mostrava o meu batimento cardíaco que se encontrava regular. Levantei-me o mais que podia e vi que estava num cubículo, sozinha. Comecei a entrar em pânico. O medo, o receio apoderou-se de mim inesperadamente. Parecia que conseguia sentir algo a aproximar-se de mim mesmo sendo-me completamente invisível. Instintivamente começei a espernear-me como se conseguisse sentir um clima pesado que denunciava algo mau. 
A minha respiração, ofegante, urgente começou a intensificar-se e vi o meu lençol desaparecer subtilmente, caindo ao chão. Começei a bradar. 
Ouvi passos no corredor a precipitarem-se para a porta. A maçaneta rodou e Stephen entrou sisudo e mudo encaminhando-se para o lado da minha cama.
- O que se passa? - inquiriu ele analisando todos os monitores, regulando-os.
- Eu não sei! - respondi com uma voz estridente. - Eu... acordei e vi...
Ele fez sinal para eu parar. Puxou uma cadeira que se encontrava ao seu lado e sentou-se, apoiando os seus braços na cama.
- Vamos fazer isto à minha maneira... - iniciou. - Há duas semanas seguidas que dormes com um simples calmante injectável. - referiu como se fosse um facto com que eu me devesse preocupar.
- E daí? - questionei, elevando-me.
Ele soltou um sorriso seco e levantou-se bruscamente.
- Ainda não percebeste por que razão aqui estás? Ainda não te apercebeste que não é normal aquilo que vês, que sentes?
Soltou uma gargalhada.
- Ah! Deixa-me ver se percebo... Agora a louca sou eu? Está bem, - disse com ironia pura. - eu sou a demente, insana daqui! Vocês simplesmente recusam-se a ver e a expressar aquilo que vêm, ao contrário de mim. - disse, descontrolada.
- Pior que uma doença é o facto de não a reconhecer. - disse serenamente, apertando as costas da cadeira. Voltou a sentar-se. - Por favor, eu estou aqui para ajudar. Deixa-me ajudar-te. Prometo nada de tratamentos, estadias em hospitais, medicamentos intermináveis que só surtem efeito depois de ingerires dezenas de comprimidos... Apenas te peço para me deixares ajudar.
Olhei-o com cepticismo. 
- E se eu não quiser? Eu não preciso. - disse-lhe olhando-o de esguelha.
- Se não quiseres as tuas alucinações podem tornar-se de tal forma frequentes que o chão que pisas pode tornar-se num tormento, já para não falar na forte possibilidade de morte.
Suspirei.
- E se for isso que eu desejo?
- Raios! - disse bruscamente. - Desculpa, mas custa-me ver alguém com uma vida longa pela frente definhar, menosprezar-se como se fosse um ser desprezível! Odeio isso e odeio quando as pessoas recusam ajuda e não querem ver a verdade.
- Está bem. - respondi sem a mínima intenção de colaborar. - Soltas-me? - questionei incidindo os olhos naquilo que me prendia.
Ele sorriu infantilmente.
- Solto. - disse encaminhando as suas para os meus pulsos.
A polpa quente dos seus dedos colidiram contra a minha pele gelada causando-me um longo arrepio. Os seus olhos detiveram-se num momento e eu pude vislumbrá-lo como um homem "normal" pela primeira vez e não como médico. Os seus olhos verdes, esbugalhados fixavam-me. O seu rosto de homem feito contrastava com os seus lábios que se arqueavam como os de uma criança dando-lhe uma expressão facial despreocupada. A sua barba mal feita conferia-lhe um charme apetecível. O seu cabelo castanho-claro e desgrenhado sustentava a minha hipótese de ele ser um homem despreocupado. 
Subitamente ele desviou o seu olhar, incomodado com o seu procedimento, confesso que fiquei incomodada quer com o seu procedimento quer com o meu. Fitei os meus pulsos a serem desprendidos.
Estiquei os braços sentindo a doce sensação de estar livre. Olhei-o e sorri amavelmente, agradecendo-lhe.
- Hum... Eu trato dos papéis lá em baixo, mas por favor, segue à risca aquilo que eu te digo. Estás sob a minha responsabilidade.
- Eu sou maior de idade. - vociferei enquanto colocava os pés no chão.
Os meus pés pousaram no chão gélido e ia tropeçando nos meus próprios pés. Stephen ajudou-me a ir até à casa-de-banho.
- Consegues tomar banho sozinha?
- Óbvio. - respondi revirando os olhos.
- Espera. - disse enquanto me agarrou o braço bruscamente e me puxou para trás.
- Mostra-me as tuas mãos. - disse-me.
Fiz-me desentendida.
- Mostra-me as mãos, Ashley. - disse num tom de voz monocórdico.
Tentei esgueirar-me.
- Devolve-me a tesoura. Sei que tiraste do meu bolso. És uma péssima ladra. - vociferou.
De mau grado devolvi-a, sorrindo sarcasticamente.
- Dou-te dez minutos para tomares um duche. Nem mais um minuto ou entrarei. Portanto aconselho-te a despachares-te, por favor. 
Entrei na casa-de-banho e encontrei um chuveiro agradável onde a água quente escorria pelo meu corpo. 
Enquanto tomava o duche reflecti sobre o que Stephen me tinha dito. Ele tinha razão. Eu estava a ocultar a verdade. A tentar convencer-me que estava tudo bem quando na verdade estava tudo do avesso. Eu continuava a ver, ouvir e sentir coisas estranhas e isso não era normal. Decidi aceitar a sua ajuda.
Enrolei-me na toalha bege lá disposta e saí da banheira enxaguando os meus cabelos. Penteei-os cuidadosamente e sequei-os. Subitamente vi um reflexo atrás de mim. Olhei para trás e tratava-se de Stephen.
- Sai daqui! - vociferei apontando-lhe o secador. - O que fazes aqui? Isto é uma casa-de-banho caso não tenhas percebido!
- Desculpa mas passaram-se quinze minutos. Tinha de confirmar. Podias estar a cometer um acto suicida.
- Sai! - vociferei.
Voltei a secar o meu cabelo.
Iria aceitar a sua proposta. Não tinha nada a perder, ou pelo menos julgava eu.

P.s Desculpem a demora a postar a continuação, não tive muito tempo.
P.s 2 Vou começar a colocar menos pormenores como já deu para entender neste post, vou guardá-los para outra coisa.
P.s 3 Não sei quando volto a postar.
P. s 4 Já somos mais que 200! Obrigada a todos! You´re the best I´ve ever had! ^^

35 comentários:

Joana Silva disse...

Cada vez mais gosto de tudo aquilo que escreves querida, perfeito, escreves muito bem :D adorei :D

Anónimo disse...

Adorei adorei adorei!
Sinceramente prefiro com poucos pormenores como já te tinha dito. Não é que escrevas mal, até porque escreves maravilhosamente, mas na minha opinião acho que o texto fica muito mais leve assim.

Cassandra Lovelace disse...

sinceramente, adoro todos os promenores. adoro mesmo. assim consigo ver tudo o que descreves. sempre podes diminuir nos promenores mas por amor a deus, nao os tires totalmente. espero pelo proximo capitulo, querida ;)

kiss, Al*

Gonçalo disse...

ainda dizes tu que não escreves bem pa lol

Vica disse...

que querida ! obrigada :D
tive a ler a tua história e adorei , e ainda dizes que eu escrevo bem , unf , já viste bem tu? merecias escrever um livro !

Anónimo disse...

Depende do ponto de vista, acho que a moda é acessivel a população, não falo das grandes marcas, mas por exemplo bershka ou C&A tem roupa "na moda" e são relativamente acessíveis. Mas depende muito daquilo que uma pessoa considere "moda".

PS: Tenho que continuar a ler a história depois de estudar :p

Anónimo disse...

Olá! Desculpa pela resposta tão tardia :/
Eu também gostei bastante do teu novo design ;)
Ainda não li o capítulo V, mas assim que puder, atiro-me de cabeça!

Gonçalo disse...

oh não digas isso eu não tenho superioridade nenhuma a ti!! :)

Vica disse...

Obrigada :D
Também gosto muito de histórias assim.
não estou a exagerar, escreves mesmo muito bem (:

Anónimo disse...

Não, se achasse seca não teria passado das primeiras linhas da história xD
Levas-me para ao lado da Ash. Consigo imaginar tudo, até senti o ambiente pesado no primeiro capítulo.

Anónimo disse...

Ora essa, claro que quero!
E assim que puder faço a minha historiazinha *-*

Anónimo disse...

Sim, parece que a nossa sentença é o tempo! -.-

Talvez tenhas a sorte de um dia escrever um livro e não apenas um blog.

Anónimo disse...

Enviar para uma editora? Parece-me bem, concordo que deves poupar promenores, ou melhor se estivesse no teu lugar guardaria algo que não publicaria cá no blog, apenas pelo sim e pelo não.
Mas sim, o principal é deixar a covardia de lado xD

Anónimo disse...

Percebo, mas acho que essa sensação é boa. Sentir que estamos a fazer algo comercial só pelo dinheiro não é literatura de verdade, ou pelo menos eu acho que não é.
A quem o dizes, de cada vez que pego num clássico ou bom best-seller sinto-me pequena e apetece-me desistir, também gostava ser escritora, mas não sei se hei-de ir longe...xD Só sei que para além de dificil é frustrante.

Anónimo disse...

Eu ainda quero fazer o secundário e tirar algum curso.
Isso é inevitável, haverá sempre alguém melhor do que nós, mas há que fazer o nosso melhor. A verdade é que em áreas artisticas há sempre os que tem azar e os que tem sorte. É lixado :/

Anónimo disse...

Haha, obrigada xD

karina disse...

está de cortar a respiração, completamente.
Amei :)

Philipa disse...

o pior é quando é a própria consciência a falar... obrigada pelas palavras de apoio! ainda não tive tempo para vir ler esta historia mas assim que tiver um bocadinho venho cá :p
beijinhos!

ana disse...

Parece que vivemos num mundo de pessoas muito competitivas e que só desejam o mal dos outros, sinceramente não percebo o que anda a passar com a humanidade!
Agora fiquei um pouco confusa em que blog é que devo responder aos comentários...
Beijinhos*

ana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
karina disse...

obrigada eu, estou a amar completamente esta história.
Sim, espero que perdoem tem sido complicado para todos :s

karina disse...

nada disso fofinha, adoro principalmente o facto de ser extensa, dá-me imenso prazer vir ao teu blog e saber que vou puder ler uma historia cheia de detalhes.
Tens uma forma de escrever incrivel que nos faz imaginar as personagens e os acontecimentos que contas.
óww obrigada, promento que vou ficar mais presente :)

Anónimo disse...

Obrigada :D
Vou começar a ler "O jornalista", gostei da sinapse! xD

Gonçalo disse...

Obrigada pelas tuas palavras :D

adriana simões disse...

mas eu tnh tempo para escrever. eu nao tenho vontade é de escrever aqui ._.
acho q ja nao tem piada, e msm q nao apagasse eu ia deixar d vir aqui, pq ja nao me ... 'completa' , nao sei explicar :3

Anónimo disse...

Pronto ganhou o partido que tu votarias xD Agora vamos ver se fazem algo pelo país!

Anónimo disse...

Ainda bem que estás a gostar, pá! ò.ó
Assim, senão gostasses era tramado!

Rita J. disse...

ADOREI!

Rita J. disse...

n querida. gostei

Unknown disse...

AMO AMO AMO AMOOOOOOOOOOOOOOOOO

Sem mais disse...

Imaculada, adorei.

Sem mais disse...

O adjetivo cabe como elogio para ti e para seu post! Escreves muito bem, estarei sempre por aqui.
Obrigada, Beijos!

Rita J. disse...

ohm obrigada linda!!!!**
muse sempre

Rita J. disse...

é que a minha nem teve tempo para dizer q nao. foi do dia para a noite xD

karina disse...

claro que conseguiste :)
adoro adoro adoro, sou completamente fã da história e do teu blog*