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sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Jornalista - XVIII (Final)

O dia não amanhecia com a mesma jovialidade. Era como se me tivessem arrancado um pedaço de mim. 
Começava a habituar-me ao calor matinal do Texas e, sobretudo habituei-me a acordar ao lado de Jared, a receber o seu beijo selvagem mas carinhoso, o ouvir a sua voz a sussurrar-me frases lindas ao meu ouvido. Mas agora nada disso podia acontecer. Acordava com o som imperativo da chuva a esbarrar contra a minha janela, sozinha, sem aquele beijo tão bom e doce. Era doloroso recordar tudo o que havia passado com Jared... A única coisa que me fazia feliz era saber que existia uma criança com um sorriso encantador que me esperava.
Levantei-me daquela cama que não me pertencia e procurei os meus chinelos, levantando o pequeno para a cozinha. Como habitualmente perdi-me naquela casa demasiado grande para o meu cérebro assimilar tantas divisões e todas elas tão distintas. 
A casa de Oliver era sem dúvida um palacete. Os seus pais eram donos de uma grande empresa e oscilavam sempre entre Helena e Massachusetts, até que o avião na qual viajavam despenhou-se em pleno Atlântico. A partir daí, e com apenas 22 anos, Oliver começou a viver naquele palacete e tratou de vender a empresa o mais depressa possível.
Olhei para o pequeno JC e questionei-o, inutilmente, para onde era a cozinha. Era incrível como ainda não tinha memorizado o percurso após mais de um ano a viver com ele. Ora, na expectativa de acertar no caminho, enveredei pelo primeiro corredor que vi, virei à esquerda e abri uma porta que se assemelhava à da cozinha. Efectivamente era. Abri-a cuidadosamente e vi Oliver, ainda de pijama, a tomar um copo de leite a olhar-me com um olhar inexpressivo, vazio...
- Bom dia, Oliver. - disse-lhe.
JC apressou-se a pedir-lhe colo. Pensava que era o seu pai verdadeiro. Oliver segurou-o com firmeza e começou a brincar com ele e a ensiná-lo novas palavras, enquanto eu preparava o leite para ele. 
- Bom dia, Hazel. Desculpa, estava demasiado distraído. - disse aproximando-se de mim com Jared ao colo.
Sorri-lhe e levei o leite para cima da mesa. Jared já conseguia pegar no biberão sem o entornar. Por precaução, estive por perto para não ter de limpar o chão. Depois de o vestir para ir para a ama, vesti-me e peguei nas minhas chaves e saí para não chegar atrasada ao emprego. Deixei Jared na ama e passei pela prisão sem Oliver saber. Entrei e Fred deixou-me passar sem rodeios. Já sabia onde ele estava. Encaminhei-me pelo sombrio corredor até à sua cela. Estranhei não o ter visto logo à primeira. Chamei um indivíduo que estava completamente pedrado mas ele ignorou-me. Clamei por Jared mas ele não me respondia.
- Pst! - ouvi e olhei para trás. Um homem balofo e negro chamava-me. - Procura Jared McCallen?
- Sim, procuro. - respondi. - Sabes alguma coisa sobre ele ou onde ele possa estar?
Ele sorriu e evidenciou um palito na boca.
- Hazel, certo?
Acenei com a cabeça.
- Morgan. - continuou estendendo-me a mão. Retribuí. - Desculpe ser eu a dar-lhe esta notícia mas ele... bem... não deve estar nele.
Estranhei aquele discurso.
- Como assim? - questionei com rispidez.
- Bem, ele deve estar completamente... pedrado. Entende?
Abanei a cabeça em sinal de compreensão. Voltei-me para a sua cela e comecei a bradar pelo seu nome. Todos começaram a protestar por os ter acordado. Finalmente ouço um gemido e alguém a rir-se muito. 
- Hazel! Estás aqui! - disse, deambulando até ao limite com um sorriso e um olhar muito estranho. Olhava-me como se fosse um prémio.
Olhei-o com desprezo. Ele estava sob o efeito da droga, bem como todos os ocupantes da cela. 
- Costumavas ser o homem que eu amava e eu vim aqui, como habitualmente faço, para te ver, para ver como estás. - disse com a voz a falhar. - Preferia que fosses um assassino a seres um drogado que me olha como se eu fosse de comer. - referi com rispidez.
Ela caiu e começou a rir-se. Caminhei sobre os meus saltos altos emitindo um som propositadamente audível. 
- Hazel! Volta aqui! - disse em tom de suplica.
Continuei a caminhar. 
Quase todos os dias visitava-o, levava-lhe a mais recente fotografia do seu filho e ele ficava contente. Nos últimos meses parecia que ele cheirava a álcool e não parecia o mesmo. O seu beijo parecia feroz, demasiado pesado para os meus lábios. A sua voz parecia mais ríspida e menos melodiosa. Ele não era o mesmo homem carinhoso, com bom carácter e absolutamente belo interiormente.
Quando cheguei ao exterior, não consegui conter as minhas lágrimas e uma torrente jorrou. Cheguei ao escritório e fui à casa-de-banho. Passei por Oliver no corredor que limitou-se a sorrir-me carinhosamente. Ignorei-o. Naquele dia, tudo parecia errado! Estava tudo doido, a maldita reunião acabou por ser um verdadeiro fiasco! Larry estava impossível e eu tive imenso trabalho após essa reunião. Mal chegaram as seis da tarde, peguei nas minhas coisas e dirigi-me para o meu carro. Estranhei o facto do carro de Oliver já lá não estar. Na verdade, já não o via há bastante tempo. Mesmo assim, conduzi até à casa de Oliver. Introduzi a chave na fechadura e deparei-me com o casaco que tinha vestido a JC de manhã no cabide. Caminhei e vislumbrei Oliver deitado no sofá num sono que parecia ser tão profundo que nem tive coragem de acordar. Aproximei-me dele e vi que JC repousava também ao seu lado. Achei o cenário tão deleitoso que me sentei no sofá em frente a olhá-los. Era impressionante como Oliver tinha estabelecido uma relação tão forte pela criança que ele dizia desprezar. Subitamente os seus olhos verdes fixaram os meus e a sua boca sorriu-me. Acordei daquele estado de hipnose. Oliver levantou-se morosamente e cobriu JC com um cobertor.
- Vi que estavas a chorar, Hazel. O que se passa?
Levantei-me do sofá e fui pousar a minha mala no meu quarto. Ele segui-me fielmente.
- Oliver, eu... tenho ido visitar Jared... - confessei.
- Eu sei disso. 
Olhei para ele perplexa enquanto atirava a mala para cima da cama. Encostei-me à cómoda. 
- E... ele não é o mesmo... - disse.
Ele já devia estar a prever que eu iria choramingar e ele ir-me-ia servir de consolo.
Oliver deslocou-se até mim e levantou o meu queixo até me olhar fixamente nos olhos.
- E?
- E... ele agora passa a vida drogado. - voltei a face.
Um silêncio perturbador encheu o meu quarto. 
- Ainda o amas? - inquiriu, aproximando a sua boca da minha.
Olhei-o e não me afastei. Ele comprimia-me contra a cómoda.
- Não, Oliver. Achei que sim... achava que sim. - murmurei.
Os seus olhos verdes, profundos e expressivos brilhavam e fixavam os meus insignificantes olhos castanhos.
- Eu amo-te, Hazel.
Num gesto rápido, puxou-me contra si, beijando-me, comprimindo-me contra ele. As minhas mãos estavam sem reacção, até que as elevei e as pousei no seu pescoço. Abruptamente parou, mas agora ele não iria ser rejeitado. Foi a minha vez de o puxar contra mim. Ele rodou-me e ele ficou encostado contra a parede. Parámos novamente, ficando as nossas testas unidas.
- Eu... vi bem o que fizeste? - questionou com cepticismo.
- Sim, viste. - fiz uma pausa. - Finalmente apercebi-me daquilo que perdi durante quase dois anos.
Novamente me beijou mas com uma maior ferocidade, parando pouco depois vendo que JC estava a chorar.
- Por favor, deixa-me dormir neste quarto contigo. - pediu ele agarrando-me ainda pela cintura. Eu continuava com as minhas mãos envoltas no seu pescoço. 
- Desculpa tudo o que te disse e todas as vezes que te repeli. - disse, puxando-o novamente. 
- Gosto desta tua faceta que me era desconhecida. - disse roubando-me um beijo.
Sorri. JC continuava a chorar. Larguei-o.
- Acho que temos de ir ver o que ele quer... - disse Oliver dando-me a mão. - Hazel...
- Não, eu amo-te! - disse-lhe.
- Então por que não mo disseste? - questionou.
- Porque a beleza dele ofuscava toda a realidade. - disse sorrindo.
Ele sorriu. Ele havia-me dito aquela frase.
- Então... deixa-me amar-te e ama-me. - disse por fim, acariciando-me a face... tal como Jared fazia.

Fim...

16 comentários:

Junior Rios disse...

Emocionante do início ao fim!Adorei! Vou sentir saudade de esperar o próximo capítulo!

Bjo


wwwsinparangon.blogspot.com

lara beatriz disse...

Sem palavras, mesmo! Vai deixar saudade :)
beijinho :*

Rita J. disse...

adorei! obrigada pela tua ajuda, a sério. usei algumas das tuas ideias para o trabalho*.*

- Paty disse...

não foi um trabalho, até porque, tive muito gosto em lê-la. repito, está deveras muito boa.
continua :)
beijinhos*

Diana Pereira disse...

LINDO!!

Lord Daniel Salem disse...

Oi linda! Tudo bem contigo?

Saudades de tuas visitas^^

Venho aqui te dizer que eu fiz banners novos para o blog. Vá na categoria "Link-me" e pegue :D

bjs e saudades!

Maria. disse...

adorei *
esta mesmo giro.
sigo o blogue

Catarina disse...

obrigada querida *-* ainda bem neah :3
foi o fim? :( a historia estava linda. adorei o final :)

Catarina disse...

calma querida :) cada coisa a seu tempo.
acho que so vai haver mais 1 parte maximo 2

lara beatriz disse...

Obrigada, a sério! :)
E estou super curiosa para ver o que vais escrever daqui para a frente, beijinho! :)

lara beatriz disse...

Seja o que for, tenho a certeza que vais escrever algo tão fascinante como esta história. :)

lara beatriz disse...

Toda a gente vai adorar seja o que for que decidas escolher. :)
De nada :)

Kita' disse...

Perfeita esta história :D

Kita' disse...

Já sentia saudades disto :'D

ana disse...

Pensei seriamente na hipótese de colocar um pouco de romance, mas queria que fosse algo um pouco diferente, visto que o romance existe na maioria das histórias

Sofia Costa disse...

eu amei esta historia do inicio até ao fim, bem quase. A ideia é linda e a historia fantastica, mas não gostei muito do final. Acho que a historia do Jared e da Hazel não devia nem podia acabar assim. Desde o inicio que estava convicta que eles iam ficar juntos e sempre acreditei na imensidão do amor deles. Apesar disso acho que escreves muito bem. continua.
bjito