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terça-feira, 1 de março de 2011

As Últimas Flores para o Hospital - Cap. IV (Paris)


- Eu não quero saber a tua opinião. - disse furtivamente olhando-a de soslaio. - Para além do mais, não me lembro de te ter abordado. - aleguei enquanto deambulava no quarto açambarcando as roupas que me apareciam à frente.
- Mas tu és doida? - questiona levantando-se e obriga-me a parar. - Pára! Pára! Pára! Estás completamente doida? Desde quando és tão obcecada por esta história de descobrires quem és? Tu és tu, Blair! Nada mais importa! Já paraste para pensar no que podes encontrar? - questionou obrigando-me a sentar na cama, repelindo Salvatore que se encontrava estirado sobre o edredão trazido de Paris. 
- Já, Erin, já pensei. - respondi levantando-me imediatamente.
Ela bufou de impaciência. 
- Por que é que estás assim tão interessada? Raios! - vociferou levando as mãos à cabeça. - Por que és assim tão teimosa e tão focada? Eu juro que não te entendo...
Parei de arrumar as minhas roupas e olhei-a com carinho, dando-lhe um abraço.
- Cuidas do Salvatore? - inquiri.
- Para onde vais?
- Ainda não sei. - respondi, desprendendo-me dela. - Mas prometo dar-te notícias.
- Não há nada que eu possa fazer para te fazer mudar de ideias, pois não?
Olhei para ela e sorri-lhe.
- Não, Erin. Nada mesmo, mas obrigada pela tentativa.
Ela puxou-me novamente contra si e começou a soluçar. 
- Não me faças isto! - disse-lhe. - Eu vou voltar! Eu não quero ter qualquer tipo de relação de parentesco com esse indivíduo! - assegurei.
Ela olhou-me com os seus olhos húmidos, e numa voz trémula, inquiriu:
- Prometes?
Abanei afirmativamente a cabeça. Ela largou-me e eu vesti a minha gabardina nova e alcancei a mala. Tinha de fazer umas pequenas investigações. Saí de casa, deixando Salvatore familiarizar-se com Erin e passei pelo edifício do jornal local. A vantagem de ser reconhecida e uma mãe que tinha conhecimentos e contactos, era que eu podia entrar nos locais onde queria sem que ninguém interferisse... salvo certas excepções. 
Com um sorriso largo, irrompi pela porta de vidro fazendo soar um pequeno espanta-espíritos. Deduzi que aquela rapariga chata e hipócrita se encontrava na recepção. Apesar do seu sorriso estridente, branco e charmoso eu só conseguia ver nela a sede de subir na vida a qualquer custo. Eu sabia que ela me invejava pelo facto de ser mais jovem do que ela e ter mais dinheiro, mas eu não escolhi nascer no seio de uma família com posses. Daria, aliás, tudo para ser pobre e ter ao meu lado a minha mãe, tal como ela tinha. 
Afastei todos aqueles pensamentos da minha cabeça e pousei a minha mala em cima do balcão de madeira. Joanna olhou para cima e vendo que era eu, esboçou um sorriso forçado. Desejei-lhe um bom dia e ela retribuiu-mo.
- O que deseja?
- Hum... seria possível procurar algures nos ficheiros que guardam a data 16 de Setembro de 1992? - questionei tentando ser simpática.
- Claro, claro! - exclamou prontificando-se de imediato agarrando-se ao teclado do computador. 
Estive uns segundos à espera da sua resposta, e por fim ela, com um tom imperativo e simultaneamente irritante, pronuncia deliciando-se nas suas próprias palavras:
- Não consigo encontrar. Aparentemente o computador não pesquisa datas tão remotas. Parece que vai ter de procurar lá em baixo.
Colocou as chaves em cima do balcão e eu peguei nelas, sorrindo-lhe hipocritamente agradecendo o seu árduo trabalho na realização do meu objectivo. Obviamente que se tratava de uma ironia. No entanto, desci as escadas com cuidado e deparei-me com paredes ocres e com pó a pairar no ar. Acendi a luz e avistei dezenas de estantes cheias de documentos. Procurei a estante com a data que pretendia, parando de vez em quando para saciar a minha curiosidade acerca de algumas notícias.
Tirei uma caixa cinzenta com uma grossa camada de pó, enxotando-o com as mãos e comecei a tirar alguns papéis. Folheei e finalmente vi uma notícia que se assemelhava àquilo que a minha mãe tinha contado. Dirigi-me para um local mais iluminado e comecei a ler.
"Terrível queda de aeronave provoca dois mortos: um homem com cerca de 30 anos e um rapaz com cerca de 7 anos."
Os meus olhos procuravam mais informação.
"Joe Fielding, marido de Barbara Fielding e Ian Fielding, filho da mesma, morreram num terrível acidente aéreo que envolveu a queda da aeronave no estado do Arizona. As causas da queda ainda estão por apurar, mas pensa-se que se deveu ao facto de um dos motores ter começado a entrar em combustão." 
Abruptamente ouvi a porta fechar-se com força. Estremeci e ouvi passos cada vez mais intimidadores. 
- Está aí alguém? - inquiri, perscrutando o espaço que me circundava.
- Peço desculpa, - diz um homem negro a sorrir-me. Tinha um aspecto simpático. - não era minha intenção assustá-la. - disse.
- Não faz mal. Não me assustou. - disse, mentindo. 
Ele sorriu. Estendeu a sua mão.
- Posso?
Olhei-o de soslaio, acabando por lhe estender os papéis.
- Blair Copperfield Fielding? - questionou olhando-me de alto a baixo. - Julguei que fosse mais... frívola. Lamento imenso a morte da sua mãe.
Passou os seus olhos escuros no papel e olhou-me.
- Nunca lhe passou pela cabeça que há coisas que são guardadas no intelecto de cada um que nem as mais poderosas chaves conseguem abrir? - inquiriu retoricamente. - O seu pai e o seu irmão estão vivos, se é isso que quer saber. - Sorriu e entregou-mos. - Eu sabia que vinha aqui mais cedo ou mais tarde. Barbara tinha-me prevenido. Peço desculpa, sei que não pode ler os meus pensamentos mas eu julguei-a mal. Pensei que a sua mãe fosse mais uma daquelas típicas mães que diz maravilhas das filhas mesmo quando elas são umas mimadas. Porém, enganei-me redondamente.
Olhei atónita para o homem. Finalmente lembrei-me de respirar e piscar os olhos.
- Diga-me onde os posso encontrar. - pedi arregalando os meus olhos esverdeados. 
- Paris. - disse-me. - Eles não a conhecem. Portanto, cuidado. Cuidado. - frisou.
Fiquei a matutar naquela insistência de cuidado.
- Muito obrigada. Agradeço-lhe imenso! - disse-lhe.
Ele sorriu como se eu estivesse a ser ingénua.
- Não queria ter sido eu a dar-lhe esta notícia. - assegurou.
- Mesmo assim agradeço-lhe! - disse enquanto corria pelas escadas acima.
O homem acenou-me e sentou-se numa cadeira.
Corri até ao exterior, apanhei um autocarro e fui comprar as passagens aéreas. Voltei a casa onde vi, para meu grande espanto, Erin a acariciar a pelagem comprida de Salvatore.
- Onde vais, Blair? - questionou levantando-se.
- Paris. - respondi.
- Mas essa não é a terra do amor? - questionou.
- És muito engraçada, Erin! Eu vou ainda hoje. Tenho voo marcado para a uma da tarde. - Olhei para o meu relógio de pulso. - Daqui, a precisamente duas horas.
Erin olhou-me perplexa.
- Onde arranjaste esse bilhete?
- Eu tenho os meus conhecimentos. - sorri.
Peguei nas minhas malas e coloquei-as à porta. Estava decidida a ir para o aeroporto o mais depressa possível. Erin prontificou-se a ir comigo. Esperámos piamente mais de uma hora. Quando finalmente anunciaram a partida do avião, Erin desfez-se em lágrimas, dando-me um abraço tão apertado que quase me sufoca.
- Volta depressa! - pediu-me. - Se precisares de alguma coisa... de alguma coisa, liga-me! Apanho o primeiro avião!
- Eu vou voltar e vou-te dar notícias, Erin. Eu prometo. - disse agarrando-lhe as mãos firmemente.- Pede desculpa a Eric por não me ter despedido dele.
- Não te preocupes. Eu digo-lhe. - fez uma pausa. - Agora, desaparece! Desaparece antes que te impeça de sair! - disse-me com um sorriso.
Caminhei acenando-lhe sempre.
Entrei no avião e sentei-me nos cómodos assentos, aproveitando para ler um bocado e por ouvir música em simultâneo. Acabei por adormecer pouco depois da hospedeira me perguntar se desejava algo. Acordei quando chegámos ao aeroporto.
O dia não estava muito convidativo. Grandes massas cinzentas preenchiam o céu. Mal pisei território francês uma gota de água embateu contra a minha nuca causando-me um breve arrepio. Não interpretei aquele estado do tempo como um presságio. No entanto, ameaçava abater-se sobre a região uma tempestade, pelo que corri o mais depressa possível para o interior do edifício. Obtive novamente as minhas malas e procurei pro um táxi. Aparentemente ninguém estava disponível para me levar a qualquer ponto da cidade. Colérica, dirigi-me novamente para o interior a uma velocidade suficiente para derrubar alguém. Bastavam umas gotículas de água atingirem a minha cabeça para me deixarem nervosa. Comecei a lançar impropérios mentalmente àquele maldito país! Ainda nem vivia nele e já estava a odiá-lo!
Senti alguém a embater fortemente contra mim. Perdi o equilíbrio e embati contra o chão gélido e húmido. As minhas malas tombaram e eu fiquei tão atrapalhada que ao tentar levantar-me, voltei a escorregar e a cair.
- Peço imensa desculpa! - disse uma voz suave.
- As desculpas não se pedem. Evitam-se. - disse.
Olhei para cima. Arrependi-me de imediato do que havia dito. Um homem com cerca de 25 anos olhava-me com preocupação e admiração em simultâneo. Os seus cabelos eram castanhos e caíam-lhe até meio do pescoço. Os seus olhos verdes fitavam os meus. A sua boca era tão perfeita e a barba salpicada pela sua face dava-lhe um ar fatal. Não entanto, não parecia ser daqueles que se exibia a toda a hora e momento.
Estendeu-me a sua mão e eu aceitei a ajuda.
- Peço desculpa, não a vi. Ia tão focado nos papéis que me esqueci por completo que podia chocar contra alguém. - disse-me.
Olhei bem para ele e para o seu porte. Era muito alto e exibia uma estrutura forte e inderrubável. As suas costas eram largas e musculadas. Os seus braços eram fortes e o seu tronco parecia ser marmóreo.
- Está bem? - questionou perscrutando-me.
- Sim, sim... Estou óptima, obrigada. - disse, ruborizando de imediato. Estava a cometer pecado mentalmente. - Hum... tenho de ir. - disse.
Comecei a caminhar nunca esquecendo aquele rosto.
- Espere. Para onde vai? - questionou.
Parei e olhei para trás.
- Não sei. - respondi com sinceridade. - Acabei de chegar aqui. Estava com esperança que alguém me indicasse um hotel. - disse.
- E o que faz você, sozinha numa cidade como esta?
Sorri.
- Há coisas que tenho de fazer e se não as fizer... não saberei quem sou. - respondi tentando ser misteriosa.
- Eu sou o Ian. - disse estendendo-me a mão para a apertar.
- Blair. - disse. - Pode indicar-me um local onde possa ficar.
Fez sinal para o seguir. Segui-o até ao exterior.
- Tudo depende do que quiseres gastar. Se quiseres podes ficar num hotel de um amigo meu que nem é demasiado aprimorado nem asqueroso. Por outro lado, podes alugar uma casa. Conheço um local com óptimas vivendas e apartamentos a um preço acessível. - informou-me.
- Obrigada. Não em conhece de lado nenhum e está a ajudar-me. Agradeço, a sério. - disse fitando-o.
Ele sorriu. Aquele sorriso era-me também tão familiar e simultaneamente tão distante que me irritava profundamente.
- Eu não te conheço? - questionou, observando-me.
- Não. - respondi.
- Eu não sei... - disse parecendo confuso. - Eu conheço alguém com o mesmo olhar... alguém que eu conheci quando era muito jovem... mas não sei quem é.
Não divulguei a mesma sensação.
- Provavelmente cruzámo-nos em algum lugar. - disse.
Ele tinha razão... Eu sentia exactamente o mesmo. Eu sentia-me no limiar da verdade mas havia algo que me impossiblitiva de ver toda a verdade e chegar à conclusão de quem ele era.

10 comentários:

Gonçalo disse...

Tenho que ler esta historia toda parece muito interessante :) já a acabaste?

Cassandra Lovelace disse...

nao tenho palavras
espero ansiosa pela continuação !

Kita' disse...

Estou adorar a tua história ! :D

Maria Galvão de Sousa disse...

não tens que agradecer x)

Rita J. disse...

que linda *.*
ahah, és de onde?

lara beatriz disse...

Adorei! Está a por-me cada vez mais ansiosa por saber o que ainda virá. (:
Ainda bem que gostaste, tive quase para desistir da histórias, mas lá arranjei maneira de escrever algo mais ou menos aceitável. (:

Rita J. disse...

sou de beja xDD

lara beatriz disse...

Apenas disse a verdade, está a ficar muito interessante e espero que continue assim. :)
Agora que comecei e estou perto do fim, não posso desistir. (:

lara beatriz disse...

Claro, depois ainda me arrependia :)

Rita J. disse...

vou ao porto!