Cada vez que faço uma retrospectiva à minha vida apercebo-me que não estou no lugar certo. Aliás, quase nada do que eu faço está certo aos olhos de muitas pessoas. A sinceridade é um defeito, a simpatia uma mera arma que utilizo para conseguir o que quero... Enfim, tudo aquilo que considero ter de bom, como qualidades, acaba por se tornar aos olhos dos outros os mais temíveis defeitos. O que me vale é que sou uma pessoa que repara inicialmente nas coisas mas depois acaba por o sentimento de raiva promiscuosamente misturado com vontade de desaparecer, se desvanecer nunca completamente. Apenas temporariamente.
Às vezes as pessoas pensam que a razão de serem como são deve-se a um facto inexplicável e que o "feitio" mais ou menos macabro se deve a "bichinhos" que penetram na cabeça das pessoas. Eu tenho uma teoria: as pessoas são como são porque vivenciaram certos momentos em que as tornaram, de certa forma, imunes a algo.
Eu não mostro nunca aquilo que sinto. Quando quero chorar, sorrio. Quando estou extasiada, contenho-me. Não me contenho na raiva que posso acabar por ganhar nem num azedo sentimento de vingança que por vezes me assola. Confesso que rogo pragas mas sem qualquer intenção e acreditem que às vezes concretizam-se, o que me leva a mim mesma prometer que não o farei mais alguma vez, mas pronto... acaba por se tornar num ciclo vicioso.
A minha imunidade a certas coisas, aos olhos dos outros, é estranha. Se há personagem na televisão com quem mais me identifico como pessoa, é o Dean Winchester de "Sobrenatural". Sim, eu sou epsis verbis como ele. Tenho a mania que suporto tudo e todos, o maldito sentimento de perda, o sentimento ocioso de falhar... sobretudo o medo de perder as poucas pessoas que me restam e que têm algum valor para mim.
Eu sou humana, erro vezes sem conta, digo coisas que não quero dizer naquele preciso momento, arrependo-me, não mostro o que quero mostrar por vergonha. Não diria vergonha. Diria receio. Afectos não é comigo, ou pelo menos sou afectuosa à minha maneira e não preciso de estar sempre a chamar "amorzinho", "fofinha(o)", etc. A minha maneira de ser afectuosa é ser aquilo que gostava que fossem para mim. Coisa que eu não sou é hipócrita e prepotente que quer mostrar que tem mais "poder" sobre um porque é mais carinhosa. Tal como eu disse, o meu "carinho" já não é demonstrado sob a forma de doces palavras porque a vida mudou-me embora eu ainda seja nova.
Sou imune a muita coisa, que aos olhos dos outros é insensível. Não consigo chorar, não faço um alarido num funeral, não faço filmes por causa de uma coisa, não tenho qualquer pudor de me debruçar sobre uma pessoa morta, tocar-lhe. Não tenho nenhum sintoma "alérgico" a sangue nem desmaio só de o ver. Não conforto pessoas no auge da tristeza como toda a gente faz, só piora. Sim, piora e muito. O pior de um funeral é ver todas as pessoas agarradas umas às outras, fungando, enfatizando o facto da morte se abater sobre a família. E não é uma... nem duas... nem três. Afecta a nossa maneira de pensar. A nossa maneira de agir. E toda aquela pessoa que nós julgámos um dia vir a ser, acaba por se desmoronar como um castelo de areia na orla marítima. E mudámos drasticamente.
Eu não sei por que razão me deu para escrever isto hoje, deveria estar a estudar para Biologia, coisa que não me agrada. Tirem as vossas próprias conclusões.
-factos reais-
14 comentários:
adoro a maneira como te expressas pro papel. adorei querida
Adorei! Amei!
É mesmo, e eu que o diga!
Eras capaz de fazer uma história :p
Gostei imenso! Adoro o sobrenatural e, de certo modo, també me identifico com ele. Mas no final ninguém é de pedra :x
Não sei não, as vezes pensamos q a nossa vida não dava uma história, mas a realidade é outra :p
Mas eu já fico contente só por tu escreveres as tuas lindas e maravilhosas histórias! :3
És tu e eu, mas como a minha história um bocado mais soft (em questão de tudo(incluindo pormenores) posso postar mais vezes
Adorei :o
não tens de agradeçer querida*
adorei o sentimento que puseste no texto...
Obrigada :D
sim já pensei , mas não sei :S fiz uma sondagem , se puderes passa por lá por favor (:
"Afectos não é comigo, ou pelo menos sou afectuosa à minha maneira e não preciso de estar sempre a chamar "amorzinho", "fofinha(o)", etc "
identifico-me contigo nesta situação e tambem nao choro por tudo e por nada. Nao acho nada piada ás pieguises de um funeral, nao cnsigo.
Identifiquei-me bastante :o
kiss, Al*
está lindooooooo :)
agora sim podes dizer xD
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