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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Setembro - Armadilha (Cap. XII)

Os meus joelhos fraquejavam a cada passo que eu teimava em dar. A dor pungente que atacava o meu abdómen fez-me cair por terra, morta de exaustão. Finquei as minhas unhas no solo húmido tentando dissipar alguma da raiva que tinha reprimido durante quase todo aquele percurso descomunal. Bradei. No cerne da floresta ninguém me poderia ouvir, uma vez que já estava tão embrenhada que acreditava que estava perdida num labirinto que me iria dar demasiadas dores de cabeças ou, no pior dos casos, comprometer a minha vida, dado que a noite abatia-se imperiosamente sobre a floresta, arrastando com ela os malditos animais da noite. 
Levantei-me morosamente e continuei a correr o mais que podia sem qualquer rumo. 
Sabes por que razão o fiz? Pelo medo de te perder, de perder toda a felicidade que tanto ansiei, para ter um motivo para continuar a lutar!
As minhas lágrimas começaram a cair numa catadupa interminável. Nunca me tinha sentido assim... Traída daquela maneira, vítima de um vexame e enganada durante todo aquele tempo. Logo eu, que me julgava tão astuta e detentora de um poder quase sobrenatural para discernir as pessoas que realmente me queriam bem daquelas que apenas me queriam destruir. Jason quis-me destruir... Usou-me como um briquedinho nas suas mãos... Julgou que eu era uma arma que ele poderia usar como e quando bem entendesse! 
Exasperada e com o meu mau génio à tona, derrubei algumas árvores frondosas sobre o solo. O som oco fez-se ouvir repetidas vezes e os veados corriam, aflitos, de um lado para o outro sem saberem o que estava a acontecer. Também não tinha a certeza por que razão estava a fazer aquilo. Parecia que alguém o estava a fazer por mim. A usar os meus poderes sem sequer eu querer, ou, porventura, apenas uma parte de mim quisesse.
Enrijei o meu corpo e parei. Deixei de pensar em derrubar árvores e destruir aquilo que não merecia ser destruído. Eu é que estava destroçada e não tinha de despejar todo o meu descontentamento sobre a Natureza.
Limpei as lágrimas com o punho do meu casaco esburacado, pressionando-o contra o meu corpo. Caminhei até me doerem os pés sem pensar em absolutamente nada.

A noite, negra e imponente, abateu-se sobre a floresta. Não fazia ideia onde estava. Os meus dentes embatiam uns contra os outros emitindo um som irritante que me fazia doer as mandíbulas. Não havia nenhuma casa por perto. Nenhuma fonte de luz. Nenhuma luz acesa num casebre. Eu estava no meio do nada e no meio do nada era onde eu iria ficar... a menos que fosse esventrada antes ou fosse servida de sobremesa a animais da noite. Estremeci só de pensar na dor dilacerante que iria sofrer. 
Olhei em frente e, por entre toda aquela escuridão, avistei uma espécie de gruta. Um sorriso preencheu-me um rosto. Pelo menos poderia passar a noite minimamente protegida.
Em passos largos e apressados, corri até ela. A exíguos metros da gruta, ouvi um rugido forte seguido de um uivo. Detive-me. O som provinha da gruta.
Recuei uns quantos metros e à medida que recuava, três pares de olhos semelhantes a ametistas lapidadas avançavam inexoravelmente expondo-se à luz pusilâmine da Lua. Não se tratavam de animais da noite comuns. Pareciam bastante mais pequenos mas com um poder diferente. Os seus olhos penetrantes faziam-me quase hipnotizar. A pelugem cobria quase todo o seu corpo, exceto a face que se assemelhava a um humano vulgar. 
Tentei pôr à prova os meus poderes mas não estavam a funcionar. O poder de derrubar algo sobre os seus corpos não estava a surtir efeito. Tentei algo muito diferente como um controlo das suas mentes mas não estava a resultar.
- Não és nada sem ele. - disse um dos animais com um timbre grave e assustador. - Connosco nada disso resulta.
Olhei-os com espanto sem saber muito bem o que dizer ou pensar.
- Vocês... vocês? - balbuciei.
- Nós falamos mas também caçamos, principalmente aqueles a quem temos ordens. - disse um outro com o porte mais forte preparando-se para me atacar.
Felizmente os meus músculos reagiram, começando a correr o máximo que podia. Eles corriam logo atrás de mim, abrindo e fechando as mandíbulas de modo a conseguirem agarrar um pouco do tecido do meu vestido. Rasguei-o e continuei a correr até que senti alguém a derrubar de frente. Novamente o mesmo episódio.
De cenho arreganhado mostrando a sua dentição incisiva o animal olhava-me como que se estivesse faminto. Eu não podia fazer nada... Cerrei os olhos à espera de ser estripada. 
- Será que vocês não conseguem cumprir ordens com eficácia? - abordou uma voz que eu já bem conhecia.
O animal saiu de cima de mim, mantendo-se submisso à voz de Sean que os admoestava continuamente. 
- Se eu não chegasse neste preciso momento ela não teria sobrevivido, não é? - interpelou retoricamente, rodeando-os. Eles baixaram o olhar e emitiram um som típico de um cão infeliz.
Sean deslizou até mim, elevando o meu queixo com as suas mãos.
- Mais um poder, hem?! - disse. - Deveria ter-te destruído logo no início... És uma menina muito mal comportada!
- Larga-me! - bradei.
Ele soltou uma gargalhada, deixando-me levantar.
- Claro que te largo, minha querida. Em breve, largar-te-ei no mundo dos mortos e aí não há volta a dar.
Franzi o sobrolho. Abruptamente correntes envolveram o meu corpo, vindas do nada. Tentei libertar-me mas a voz sarcástica dele, avisou-me:
- Essas correntes foram especialmente concebidas para te inibir os poderes. Escusas de tentar derrubar-me porque não vais conseguir.
Mesmo com o seu aviso, não desisti e apercebi-me rapidamente que ele estava certo. Ele aproximou-se de mim e colocou a sua mão na minha testa. De um momento para o outro vi-me presa dentro da minha própria mente. Um negrume assustador envolvia-me. Não conseguia ver nada nem que estendesse os meus membros para os vislumbrar. Não sabia se estava na minha mente ou se era pura artimanha de Sean. Apenas conseguia ouvir a sua voz a cantarolar uma canção que repetia o nome de Mystic Lands.


3 comentários:

Anónimo disse...

Omg o.o Odeio tanto esse Sean -.- E o Jason já aparecia :o

Sofia Costa disse...

Olá Hayley *-* Gostei muito e concordo com a Bee, o Jason já aparecia! Em relação a Sean, tas me a deixar nervosa! Nunca se sabe o que virá aí esta reentrada dele deixou-me apreensiva! Que fará ele? Que tipo de criaturas eram aquelas? Afinal de contas, até onde está Sean disposto a ir para deter mais poderes? ^
Queroo mais Nya! Mais e mais :D
Gostei muito também da caraterização do local onde ela se encontrava! :P beijo. :*

Unknown disse...

Olá Hayley. Esta mudança brusca do blogger ao menos serviu para algo, consegui finalmente acessar este episódio.
Gostei imenso da maneira como você está evoluindo nas descrições, principalmente nas cenas que possuem ação.
E ao contrário das garotas, eu adoro a personagem Sean, ele parece-me imbatível, aquele vilão que sempre tem uma carta na manga...
Aguardo pelo próximo ansiosamente.