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domingo, 9 de outubro de 2011

Setembro - Redemption Hills (Cap. VI)


O cavalo negro com olhos igualmente obscuros relinchava incessantemente como se um animal rastejante estivesse a aproximar dele. As suas patas dianteiras, exuberantes e fortes, elevavam-se majestosamente e os dentes do animal deixavam-se ver. Definitivamente algo se passava.
A cabeça de Jason rodou com violência e agarrou firmemente o meu pulso como se as suas mãos fossem argolas de ferro.
- Temos de sair daqui. - anunciou com um tom de voz acelerado, bem como a sua respiração.
- Por quê?
Respondeu-me como se tivesse cometido um crime ao abordá-lo.
- Não é altura de fazer perguntas. Vamos.
Puxou-me violentamente até próximo do cavalo. O meu corpo começou a tremer assim que os olhos sombrios do animal me fixaram.
- Sobe.
Retraí-me e abanei freneticamente a cabeça.
Ele pressionou as suas têmporas e cerrou os olhos e, num tom de voz semelhante a um trovão, inquiriu:
- Queres acabar numa fogueira onde vais servir para fertilização de terras? É isso que queres?
Olhei-o com perplexidade e coloquei a minha sacola contra o meu peito. De facto, não queria acabar queimada e muito menos servir de alimento aos tubérculos. Tentei não me focar no facto de estar próxima do animal que me causava uma fobia e subi com a ajuda de Jason que, logo após me ter posicionado, subiu e agarrou nas rédeas, dando sinal ao cavalo para começar a sua marcha.
Olhei para trás e tochas faziam-se ver mesmo com aquela imensa tempestade. Respirei fundo e fixei os meus olhos no caminho. Apercebi-me que aquele cavalo era um dos mais rápidos que alguma vez tinha visto e que passávamos pelas árvores e casebres abandonados a uma velocidade alucinante.
- Maldita a hora em que te disse para subires primeiro. - lamentou-se. - O teu cabelo fustiga-me os olhos e não consigo ver com nitidez o caminho.
Puxei o meu capuz e coloquei-o sobre os meus cabelos. Mudei de assunto.
- Por que razão eu iria terminar numa fogueira? - questionei docilmente.
- Porque és uma visionária e se não o és, és algo muito próximo disso. Tens uma espécie de poderes psíquicos ou até vários mas podes não os ter descoberto. - respondeu. - Snow Black extermina todos aqueles que têm qualquer poder, embora mantenham uma mulher que é quase uma refém que deteta, através das vibrações que as pessoas lançam, a ausência ou revelação desses mesmos poderes. - continuou.
Franzi o sobrolho.
- Tens algum dom, é?
- Maldição, queres tu dizer. - Soltou um sorriso pouco divertido. - Apenas tenho força e rapidez sobrehumana.
- Então, por que andas de cavalo se és mais veloz que um raio? - questionei, voltando-me para fixar o seu rosto.
- Não é assim tão simples quanto parece. Eu não posso dar nas vistas se não serei convocado para a Guerra que se avizinha e serei colocado na linha da frente. - respondeu com um laivo de consternação na sua voz.
Automaticamente lembrei-me de Angie e da sua habilidade inexplicável para armas e a sua agilidade física. Mantive-me em reflexão por uns momentos.
- E... como é que se processa este acontecimento dos dons? Certamente não nasci com ele. Não me lembro de ter qualquer habilidade em criança.
- Normalmente as pessoas detentoras de dons, descenderam de visionárias ou feiticeiras mas não há passagem de qualquer dom para o feto, embora ele esteja propenso a vir a adquirir um quando as condições são propicias. Não há uma linearidade da maneira como esse dom é despoletado, se é que me entendes. Diversas famílias têm diversas crenças e todas elas não são crenças: são factos que se podem comprovar.
Assenti com a cabeça.
Ao longe, comecei a avistar uma povoação, sobejando um edifício magnificente ladeado de cedros e abetos. Diversas casas modestas circundavam aquele palacete descolorado com uma enorme cúpula dourada.
Abruptamente tive a sensação de já ter estado naquele local mas não naquele panorama tempestuoso. Recordei ainda aquela noite em que fui amarrada e atirada para uma carroça esburacada. Fiz uma retrospetiva e lembrei-me da voz que havia falado e, em tudo, coincidia com a voz veludosa de Jason.
- Eu tenho a sensação de que já estive aqui.
Ele soltou um suspiro, detendo-se à porta de um enorme portão em ferro forjado.
- Eu já suspeitava que irias abordar-me sobre isso. Mas foi um mero engano. Pensei que fosse a altura certa de te trazer mas recebi as informações erradas.
Desceu do cavalo e abriu o portão com uma chave bastante bizarra onde estava gravada uma estrela de   quinze pontas. Fixei as duas palavras que estavam escritas, igualmente a ferro forjado, imediatamente acima das lanças pontiagudas.
- Trabalhas para o Rei? - inquiri com um laivo de curiosidade, seguindo-o.
- Eu sou o Rei. - respondeu com brio.
Franzi o sobrolho.
- E... onde está a Rainha?
- Não necessito de uma rainha para saber governar, ou achas que preciso?
Encolhi os ombros e caminhei atrás dele comprimindo a neve. Chegamos até ao palacete, subindo o lance de escadas interminável e as portas abriram-se de imediato. Sacudi a minha capa negra e, mal coloquei o pé dentro do edifício senti um calafrio. Continuei a segui-lo e tirei a minha capa. O ambiente estava demasiado ameno.
- Harold, prepara um quarto. Ela fica cá. - disse a um funcionário que se encontrava por perto.
- Por que razão não vou ficar juntamente com os outros cidadãos?
Ele parou e os seus olhos fixaram os meus.
- Já te disseram que podes adivinhar muita coisa mas não te consegues aperceber das coisas mais triviais?
Os seus olhos verdes fixaram os meus e eu senti-me hipnotizar e levar para outra dimensão. Tudo o que estava naquela sala deixou de fazer sentido e a minha mente ficou livre por alguns segundos.
Alguém iria irromper por aquela sala ampla. Ouvi os seus passos. Voltei o me rosto e um homem de estrutura mediana e loiro, com uns olhos tão claros que me questionava como conseguia ver. Sorriu-me e aproximou-se de nós.
- Deves ser a Benedith Boltzman. - disse, estendendo-me a sua mão pálida. - Sean Westerfield. Eu previ a tua chegada e, como deves saber, sou descendente de feiticeiros. - Cerrou os seus olhos elevou a sua cabeça semelhante a tufos secos e inspirou lentamente. Fixou-me lentamente e acariciou a minha mão. - Pelo que me posso aperceber, és de uma linhagem um tanto diferente da minha. Tens várias ascendências.
Olhei para Jason que se mantinha ao meu lado e olhava com expetativa Sean.
- No entanto, faremos mais testes amanhã. Está a anoitecer e faremos com que as tuas subidas aos cumes sejam minimizadas. - Abriu a outra sua mão e mostrou-me um pequeno saco de serapilheira empolado. - Ervas que utilizamos como repelente de um pretérito. - explicou. - Esperemos que não sejas a exceção. Aqui não é como Mystic Nights II. Estamos em Redemption Hills e não vais querer sair à noite.
A minha respiração estagnou e olhei Jason e colocou as suas mãos nos meus ombros. Questionava-me seriamente sobre a razão pela qual eu não iria querer sair à noite.
Açambarquei o pequeno saco e coloquei-o no meu bolso. Embora Sean não me inspirasse grande confiança, não queria correr riscos.

7 comentários:

Sofia Costa disse...

wow, just wow , a história está a levar um rumo interessantíssimo , parece que tudo deu uma viragem completa e de um momento para o outro o que poderia remontar a tempos passados , a guerras e ataques , converteu-se numa dimensão bastante distinta daquela em que nós, comuns mortais vivemos :D , wow, nunca esperei que fosse este o rumo levado pela tua imaginação. ao ler este capítulo deparei-me com uma história surreal, ligada ao "fantástico" , a poderes muito pouco banais, a gerações e descendências bastante distintas ... de facto tinhas razão quando disseste que ninguém ainda tinha bem a noção de tudo, e é verdade... pelo menos eu não tinha... muitos parabéns pelo fantástico trabalho, adorei *-*
beijinhos Hayley :)

CatarinaRaquel disse...

tens imenso talento (:

Cassandra Lovelace disse...

Estou a adorar, dear Hayley - cada vez mais me surpreendes! Estás a tornar a história mais complexa, com mais pormenores no sentido de complicares as coisas e as relações humanas e vejo que imaginação não te falta! Espero o próximo capitulo e estou sem ideias para o que posso vir de seguida! Não sei mesmo o que esperar ou o que irás fazer ..
Beijo, Cassandra

CatarinaRaquel disse...

pois é (:
desculpa, eu sei que foi simples. eu, normalmente, leio sempre o que os meus seguidores ou as pessoas a quem sigo escrevem, mas o tempo tem sido curto e isso é sinónimo de comentários curtos.
o que interessa, é que a história está linda e que é para continuar! beijinho*

Unknown disse...

wooooooow wooow woow!!!
Fantástico, amei ler :D


xoxo*
http://www.ivaniadiamond.com/

Unknown disse...

Você também tem um dom de fazer uma mudança brusca de cenários. :)
Adorei os trechos do cavalo em velocidade, senti como se estivesse cavalgando sobre um deles.
Esta história é do gênero fantástico e o mercado editorial está muito aberto a este estilo, tem muito futuro.
Algo me diz que alguém será rainha. ahah.

Anónimo disse...

Mui bueno, como já vem sendo hábito.
Só não percebi uma passagem.
Diversas famílias têm diversas crenças e todas elas não são crenças: são factos que se podem comprovar.
Qual a relação entre isso e o que estava a ser dito antes?